Sextilhas sobre o corvo
Cada vez mais de Poe, o negro corvo,
Na minha vida anda causando estorvo
A guturar seus versos sepulcrais...
É que seu negro, atro e nefasto grito,
– Eco de sombra a ungir todo o Infinito! –
Em minh’alma crocita:– nunca mais!
Cada vez mais de Poe, o negro corvo,
Na minha vida anda causando estorvo
A guturar seus versos sepulcrais...
É que seu negro, atro e nefasto grito,
– Eco de sombra a ungir todo o Infinito! –
Em minh’alma crocita:– nunca mais!
Este grito de morte me atordoa,
No mais fundo de mim, lúgubre soa,
Como o verso da morte que me vem
E arrepiam-me peles e cabelos,
Iguais horripilantes pesadelos
Que caminho, na noite, sem ninguém.
A noite fere em luz pingos de estrelas,
Eu – solitariamente andando pelas
Noites de horror que estão dentro de mim,
Avisto em meio aos trôpegos destroços,
Um punhado de brancos, podres ossos,
Das vidas todas que tiveram fim.
Eu – solitariamente andando pelas
Noites de horror que estão dentro de mim,
Avisto em meio aos trôpegos destroços,
Um punhado de brancos, podres ossos,
Das vidas todas que tiveram fim.
Alem, perdida num moirão da estrada,
Eis a ave negra e funeral, pousada
Alertando meus rumos a seguir:
Armadilhas estão em cada canto,
– Fico parado, pálido de espanto,
Talvez pelo final de meu porvir!
Eis a ave negra e funeral, pousada
Alertando meus rumos a seguir:
Armadilhas estão em cada canto,
– Fico parado, pálido de espanto,
Talvez pelo final de meu porvir!
Perscruto o olhar de lince... Calmamente
A passos lerdos vou pisando em frente
E o corvo fica a me seguir no olhar.
Está dentro de mim um denso medo!
Mas vou a desvendar este segredo
Embora sinta enorme falta de ar.
Os passos alardeiam-me a presença,
E o corvo negramente, em sua crença,
Repete-me seus ecos guturais.
É noite. Vou perdido no caminho,
E ao desespero deste andar sozinho
É o corvo crocitando:– nunca mais! –
E o corvo negramente, em sua crença,
Repete-me seus ecos guturais.
É noite. Vou perdido no caminho,
E ao desespero deste andar sozinho
É o corvo crocitando:– nunca mais! –
15.11.1997
Esio Antonio Pezzato
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