Considerações
Minha poesia já não traz o encanto
Da passada e esmaecida mocidade.
Hoje é tangida em cordas da saudade
E é sem sonoridade este meu canto.
Poucos anos separam o passado
Deste presente insípido e tristonho.
O porvir não me traz ridente sonho
E fica em pesadelo transformado.
A primavera vai perdendo as flores
E o verão antecipa a cor do outono.
As folhas vão rolando no abandono
E o inverno se transmuda em frias cores.
A exclamação do corpo belo e altivo,
Numa interrogação atroz se tange.
A costa arqueada lembra um frio alfanje,
Das intempéries fica-se cativo.
Tudo é veloz de mais... a loura aurora
Alcança o sol a pino e traz a arde...
O fogo do desejo já não arde
E o que era doce e lindo... vai-se embora...
O entardecer de dúvidas se fere,
O olhar se torna baço e se enevoa...
E a silenciosa sombra sempre soa
Num ritual de triste miserere...
13.11.2000
Esio Antonio Pezzato
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