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24 de agosto de 2011

CRÔNICAS CAIPIRAS - BRUNO BISCOITEIRO

Foto by Diogo Pereira da Silva

Bruno Biscoiteiro

Piracicaba teve seus tipos populares através dos tempos. Hoje ainda os tem. Não me deixa negar o Carlão que vive pela praça, senta-se no banco fronteiriço ao Banco do Brasil, diz que domina raios, que tem uma aura espetacular, que vai aparecer na televisão... Ah, Carlão, a quem conheço desde sempre, não vou ainda falar de você. Temos também o Saponga, torcedor símbolo do XV... Também não vou falar do Saponga...
Hoje quero lembrar outro personagem. Outra pessoa que entrou nos anais da Saudade de quem tem mais de 50, com certeza... Ou ainda mais...
Seu nome era conhecido por todos, nas ruas, nas casas, nas famílias. Esquisito mas amado. Meu pai dizia que eram amigos quando jovens, um ia dançar na casa do outro e que ele possuía uma irmã muito bonita...
Seus gritos ainda ecoam nas ruas piracicabanas, de modo peculiar, musical, sonoro, vibrante... biscoito... bis-coi-to... bis...coi...to... to... to...to.
Era ouvir esses gritos e a molecada sabia que era o Bruno Biscoiteiro que estava a vender os deliciosos biscoitos de polvilho. Ele aparecia com uns sacos enormes, mas enormes mesmo, cheios de biscoitos empacotados. Parava numa esquina qualquer e punha-se a esgoelar...
– Biscoito! Biscoito! Biscoito!
E sua voz fazia eco aos seus gritos...
Depois nas noites invernais e Bruno já não vendia tantos biscoitos. Preferia sair para vender pinhão que punha para cozinhar numa lata de 20 litros cheia de pó-de-serra que aquecia a água e deixava os pinhões quentes, molinhos, para a gente comprar uma dúzia, e os mesmos vinham embrulhados no cartucho de jornal e descascávamos com os dentes para saborear os deliciosos pinhões.
Era assim. Bruno aparecia na noite fria assim do nada. A gente tava na rua numa rodinha e ouvia de uma esquina qualquer sua voz esgoelando:
– Pinhão! Pinhão! Pinhão! E o eco de sua voz repetia o final dos ãos...

Bruno Tegon. Para nós todos moleques de um tempo romântico, Bruno biscoiteiro, Bruno dos pinhões. Bruno que esgoelava a voz e parecia que ia perder o fôlego de tanto gritar para alardear seus quitutes. Bruno que ficava vermelho como pimentão e atendia a todos com requintes de simpatia, e raramente falava mais do que lhe perguntavam.
Bruno Tegon foi um dos últimos tipos populares românticos de nossa cidade, que teve, talvez, em Nhô Lica, seu maior representante.
Piracicaba rica de tipos populares não dá valor aos seus mitos. Esquece-os com uma facilidade ímpar. Bruno é saudade, Nho Lica é saudade, tantos, tantos hoje são saudades.
Eu não os esqueço. E lembrando-os faço reviver em minha alma na chama ardente da saudade. E assim fazendo, faço também que muitos acendam em suas almas, a chama da saudade de um tempo lindo, de um tempo que se podia andar na rua sem preocupações de assaltos. Um tempo que andávamos a pé de madrugada sonhando serenatas.
Piracicaba ficou um tanto estrangeira e isso machuca. Pessoas sem estirpe da Raça dos Caipiras, chegaram, tomaram conta, meio que nos contrariando pensam que podem namorar a Noiva da Colina. Não podem, não.
Piracicaba vai tendo brutamontes e esquisitices sem fim e fantasmas ditando normas, leis, mudando o que não gosta e mata a história de um povo lentamente, lentamente, lentamente.
Não temos mais Nho Lica, Bruno Biscoiteiro, Elias dos Bonecos, Zico Coimbra entre outros, contudo Carlão, Madalena, Caetano Provenzano e Saponga são mais lembrados na gozação, quando deveriam ser mais ouvidos, amados, queridos e respeitados. Ganhe uma hora de seu vazio tempo, vá à Praça e busque um dedo de prosa com o Carlão e saia um pouco mais culto de nossa cidade.
Não deixe o progresso matar a cultura, os tipos populares e a história de nossa rica Piracicaba. Não seja um simples caipira com ares de estrangeiro a matar a tradição e a cultura tricentenária de nossa cidade. Os brutamontes devem ser estirpados urgentes.
Biscoito... biscoito... biscoito... saudade dos biscoitos do Bruno.

 
Esio Antonio Pezzato

1 COMENTE AQUI:

Giuliana disse...

Pois então...Eu mesma sinto também essa nostalgia de coisas e pessoas que tampouco visitei ou conheci...É uma memória cardíaca,como se eu soubesse que tá faltando um biscoitinho do Sr...ou a viola do Nhô...qual era mesmo o nome deles?Todos os nomes,todos os biscoitos,violas,pamonhas e bonecos(esse sim eu conheci, e como conheci!S.Elias me deu uma lição de amor um dia, na beira do rio!).Enfim,tudo isso ta faltando,e o coração reclama a falta de todos esses ícones do Caipiracicabanismo.Grande abraço, Ésio!Bom"revê-lo"!!

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