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10 de maio de 2013
Carmelina Martinelli Galvão
Carmelina
Martinelli Galvão
12.05.2013
Pessoas
existem que trazem dentro de si uma sabedoria nata. Para tudo arrumam remédio,
conseguem desenroscar o enroscado, desparafusar o parafusado, conseguem ver a
beleza dentro da própria beleza onde nós, simples mortais, não conseguimos
vê-la.
Carmela,
por exemplo.
Pessoas
existem que conseguem tirar ditados do dia a dia da vida. Que conseguem,
através desses ditados, levar a vida de maneira melhor. E, sabendo desses
ditados ditos assim, à toa, numa conversa informal, vemos a beleza de tais
ditos e passamos a levar, também para o nosso dia a dia, esses ditos felizes.
Carmela,
por exemplo.
Pessoas
existem que tendo tudo, conseguem resmungar da vida. Mas, existem certos tipos
de pessoas, que pouco tendo, conseguem fazer desse pouco o muito das
necessidades diárias da vida.
Carmela,
por exemplo.
Eu a
conheci no final de sua vida. Pude desfrutar de sua sabedoria durante poucos
anos e, sua sabedoria transformava o dia nublado em sol. Se era o calor
escaldante, uma brisa fresca refrescava nossas faces.
Eu a
conheci quando fiquei seu vizinho. Ela habitava, por mais de
meio século, a residência que lhe fora a única após seu casamento, onde
labutou, teve cinco filhos e os fez crescer, os fez adultos, íntegros,
honestos...
De
suas cinco crias, uma voou céu aberto num inverno triste. O Juca.
Mas
tem o Durval, casado com a Maria Regina, que tanto queremos bem...
A Marina,
que tem com minha mulher uma amizade de vida inteira, pois ambas nasceram na
mesma casa onde residem até hoje...
A Dinoráh,
casada com o Paulo, que têm um filho Eduardo, Já formado e que mostra seguir em
sua vida, os ensinamentos dos pais e da avó...
A Regina,
que também luta e labuta na vida ao lado do Luiz André, Diretor da Poli Brasil,
e tem duas filhas: Patrícia e Fernanda, que também já tem dois filhos: Gabriel
e Letícia.
Bem... Carmela
me encantava com sua simplicidade e com algumas coisinhas que dizia, por
exemplo, que nunca “tida tido” nada com o marido...
Minha
sogra, Dona Anna, mais desbocada dizia-lhe:
Como,
Carmela, você tem cinco filhos e nunca teve nada com o Eugênio?
Ela
virava o rosto e dizia: Por Deus!...
Mas o
que mais me encantava mesmo em Carmela era a sabedoria própria das
pessoas iluminadas. Em tempo de vacas magras e pobreza, com os filhos quase não
podendo comprar sapatos, há sessenta anos passados, dizia:
_-Sapatos...
sapatos... qualquer bobo da vida faz sapatos. Eu quero ver é fazer pés! Todos
os meus filhos não têm sapatos, mais isso pouco importa, pois eles têm pés!
Dentro
dessa sua sabedoria, dediquei-lhe um soneto, que repasso aqui aos meus queridos
leitores, intitulado:
Pensamento de Carmela
O
homem – na sua vida transitória,
Traz o sonho profundo e alucinado
– Como se fosse sua imensa glória! –
De ter tudo o que possa ser juntado.
E de maneira insana e merencória,
Quer o ouro, como se fosse isso sagrado!
Deseja assim mostrar sua vitória
Num delírio cruel, desesperado.
E
cheio de incoerência e de ganância,
Descontrola-se em sua intolerância
Chegando a praticar horríveis atos.
E
nem se atém na sua caminhada,
Que para se vencer nesta jornada,
O importante é ter pés, não ter sapatos!
É
isso. Bom domingo a todos. Saudade, Dona Carmela.
Um feliz Dia das Mães para todos.
Índice * Crônicas
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