Para o meu Pai
(01.10.1987)
Pai,
É preciso que o Sr. sare logo,
Porque assim doente
Será impossível, Pai,
Que a gente possa agora em dezembro,
Caçar papa-capins.
Pai,
Tá todo mundo preocupado
Com a sua doença.
Logo o Sr. que era tão forte,
Osso duro de roer,
É impossível, Pai, que não sai dessa.
Pai,
Vê se restabelece,
Engorda, fica forte,
A caçada exige pernadas
E um bom papa-capim
Não fica cantando na beira das estradas.
Pai,
Teremos que ir mato adentro
Com as gaiolas e as batedeiras.
(Quem sabe a gente encontra um bom pintassilgo,
Aí, sim, a caçada seria boa.)
Pai,
Vamos fazer tudo
Como quando eu era criança,
– O Sr. dando as dicas
E eu enchendo as gaiolas.
Lembra, Pai,
Chegávamos a caçar até vinte papa-capins.
Pai,
E as casinhas de João-de-barro
Que o Sr. trazia?
Ainda existem duas em casa, Pai,
Reminiscências do serviço pesado que era o Seu.
Pai,
Vamos esperar o Sr. sarar,
Consertar o viveiro e criar curiós?
Era gostoso, Pai,
Ver os filhotinhos saindo do ninho,
E eu, criança,
Arranjando navalha-de-mico,
Arroz-bravo, cânhamo, gafanhotos, cupins,
Para dar aos filhotes...
E os canários, Pai,
Os mestiços,
As ninhadas de pintassilgos
Que quase nunca vingavam...
Pai,
Não deixe que a doença o vença, Pai,
A Mãe fica nervosa,
A Rê, a Lena, a Dalva e eu
Não gostamos de ver o Sr. comendo pouco,
Deitado sempre, sem ânimo para nada.
Chato dizer para os amigos
Que o Sr. tá doente.
Pai,
Sare logo,
Porque dezembro vem chegando
E com ele, os papa-capins,
Que estarão cantando aos bandos
À espera de serem caçados,
Para logo em seguida,
Serem soltos por nós,
Novamente.
(01.10.1987)
Pai,
É preciso que o Sr. sare logo,
Porque assim doente
Será impossível, Pai,
Que a gente possa agora em dezembro,
Caçar papa-capins.
Pai,
Tá todo mundo preocupado
Com a sua doença.
Logo o Sr. que era tão forte,
Osso duro de roer,
É impossível, Pai, que não sai dessa.
Pai,
Vê se restabelece,
Engorda, fica forte,
A caçada exige pernadas
E um bom papa-capim
Não fica cantando na beira das estradas.
Pai,
Teremos que ir mato adentro
Com as gaiolas e as batedeiras.
(Quem sabe a gente encontra um bom pintassilgo,
Aí, sim, a caçada seria boa.)
Pai,
Vamos fazer tudo
Como quando eu era criança,
– O Sr. dando as dicas
E eu enchendo as gaiolas.
Lembra, Pai,
Chegávamos a caçar até vinte papa-capins.
Pai,
E as casinhas de João-de-barro
Que o Sr. trazia?
Ainda existem duas em casa, Pai,
Reminiscências do serviço pesado que era o Seu.
Pai,
Vamos esperar o Sr. sarar,
Consertar o viveiro e criar curiós?
Era gostoso, Pai,
Ver os filhotinhos saindo do ninho,
E eu, criança,
Arranjando navalha-de-mico,
Arroz-bravo, cânhamo, gafanhotos, cupins,
Para dar aos filhotes...
E os canários, Pai,
Os mestiços,
As ninhadas de pintassilgos
Que quase nunca vingavam...
Pai,
Não deixe que a doença o vença, Pai,
A Mãe fica nervosa,
A Rê, a Lena, a Dalva e eu
Não gostamos de ver o Sr. comendo pouco,
Deitado sempre, sem ânimo para nada.
Chato dizer para os amigos
Que o Sr. tá doente.
Pai,
Sare logo,
Porque dezembro vem chegando
E com ele, os papa-capins,
Que estarão cantando aos bandos
À espera de serem caçados,
Para logo em seguida,
Serem soltos por nós,
Novamente.
Esio Antonio Pezzato
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