Para meu Pai
(26.10.1987)
Pai,
Não teve mesmo jeito.
O Sr. tinha que ficar encantado
E encantou-se –
O Sr. tinha que criar asas,
Por isso voou –
Como as rolinhas, os pintassilgos, os papa-capins.
Pai,
Foi importante
Saber que o Sr. poderia, como os pássaros,
Voar a imensidão azul
Junto de Fernão Capelo Gaivota.
Agora olhas aqui por teus filhotes
Que desarvoradamente
Tentam bater as asas
Em prelúdios de vôos rasantes.
Pai, eu
Que dia desses planejava caçar papa-capins
Junto com o Sr.,
Agora te vejo pássaro liberto da gaiola
Aberta por alguém menino
– E como caçá-lo, Pai,
Se como o sem-fim
Apenas posso ouvir teu canto?
Em que matas verdejantes te escondes, Pai,
Que te tornas etéreo e impalpável,
Sombra e Luz, Canto e Magia?
Pai,
Foram os canários rolleres
Que abriram a porta de tua gaiola?
Ou foram as rolinhas,
Que em nosso quintal – livres! –
Sempre pousavam em teus joelhos?
Ou foi um certo menino,
– Chiquinho, aquele de Assis,
Que acompanhado de foguinhos,
Sabiás, bicos-de-lacre, azulões,
Curiós, pulvis, melros
E outra infinidade de aves
Que te deixou encantado e te fez voar?
Pai,
Agora que és um deles,
Vens fazer ninho na jabuticabeira
De nosso quintal,
Assim poderás soltar teu canto
Para que nós,
Pai,
Possamos te ouvir e te cuidar.
Pai,
Em casa resta
O eco de tua voz transformada em canto,
A rima de teu canto transmudada em voz,
O silêncio de tua ausência,
A gaiola vazia!
– Mas os alçapões continuarão armados...
Cuidado, hein, Pai,
Pois senão bastará um teu descuido
E te caçamos!...
(26.10.1987)
Pai,
Não teve mesmo jeito.
O Sr. tinha que ficar encantado
E encantou-se –
O Sr. tinha que criar asas,
Por isso voou –
Como as rolinhas, os pintassilgos, os papa-capins.
Pai,
Foi importante
Saber que o Sr. poderia, como os pássaros,
Voar a imensidão azul
Junto de Fernão Capelo Gaivota.
Agora olhas aqui por teus filhotes
Que desarvoradamente
Tentam bater as asas
Em prelúdios de vôos rasantes.
Pai, eu
Que dia desses planejava caçar papa-capins
Junto com o Sr.,
Agora te vejo pássaro liberto da gaiola
Aberta por alguém menino
– E como caçá-lo, Pai,
Se como o sem-fim
Apenas posso ouvir teu canto?
Em que matas verdejantes te escondes, Pai,
Que te tornas etéreo e impalpável,
Sombra e Luz, Canto e Magia?
Pai,
Foram os canários rolleres
Que abriram a porta de tua gaiola?
Ou foram as rolinhas,
Que em nosso quintal – livres! –
Sempre pousavam em teus joelhos?
Ou foi um certo menino,
– Chiquinho, aquele de Assis,
Que acompanhado de foguinhos,
Sabiás, bicos-de-lacre, azulões,
Curiós, pulvis, melros
E outra infinidade de aves
Que te deixou encantado e te fez voar?
Pai,
Agora que és um deles,
Vens fazer ninho na jabuticabeira
De nosso quintal,
Assim poderás soltar teu canto
Para que nós,
Pai,
Possamos te ouvir e te cuidar.
Pai,
Em casa resta
O eco de tua voz transformada em canto,
A rima de teu canto transmudada em voz,
O silêncio de tua ausência,
A gaiola vazia!
– Mas os alçapões continuarão armados...
Cuidado, hein, Pai,
Pois senão bastará um teu descuido
E te caçamos!...
Esio Antonio Pezzato
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lindo poema para uma verdade absoluta e muito triste
Maria do Carmo
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