Marinha
É noite de lua cheia –
Sozinho piso na areia
Do mar que lento, desliza...
Aspiro o ar da madrugada
Que veio sem dizer nada
Na suave essência da brisa...
Estou sozinho... o amplo espaço
É das estrelas regaço
Feito de tule e cetim.
Vai uma onda... vem outra onda...
O céu – brilhante Golconda! –
Brilha mais perto de mim.
Nuvens refletem na praia...
– Lembram lençol de cambraia
De meus tempos de criança...
Sozinho, a felicidade
Tem um gosto de saudade
De uma remota lembrança...
O mar – gigantesco espelho –
(Eu também nele me espelho!)
Reflete estrelas sem par...
E fico a contar estrelas
Pois enquanto posso vê-las
Eu bem sei que posso amar.
Confundo, entre brilhos tantos,
Poemas, versos e cantos
Que possuo dentro d’alma.
Faz silêncio. O mar me anima:
– Engasto o meu verso à rima
Em odes plenas de calma.
Vejo navios ao longe...
– Lembram procissões de monge
Com contas cheias de luz.
Há no ar um cheiro de incenso...
O mar é sublime, imenso,
Distante – o porto reluz...
Penso em buscar outros mundos
Onde sonhos mais profundos
Povoem a minha vida...
Quero amor e quero glória...
Quero fechar minha história
Numa concha colorida...
Mas na linha do horizonte
A vista faz uma ponte
E não consegue atracar...
Percebo que estou sozinho
E solitário caminho
Buscando alguém para amar.
Ouço vozes estrangeiras...
Desconhecidas bandeiras
Tremulam no céu aberto.
Avisto homens tatuados,
Corpos brilhantes, bronzeados,
Passam por mim, muito perto.
Para mim, que, penso absorto,
Olhando as luzes do porto
Nesta enorme solidão:
Tantas vozes diferentes,
Fariam eles contentes
Ouvindo minha canção?
Entenderiam meus versos;
Se ouvissem cantos diversos
Parariam o trabalho?
Ah, minha rima vadia
Somente em minha poesia
Consegue ter agasalho!...
Vou partir... sem esperanças –
Oh! Mar! Impávido lanças
Sem ouvir minha canção.
No silêncio me recolho
Com ferro faço um ferrolho
E prendo o meu coração...
25.08.1991
É noite de lua cheia –
Sozinho piso na areia
Do mar que lento, desliza...
Aspiro o ar da madrugada
Que veio sem dizer nada
Na suave essência da brisa...
Estou sozinho... o amplo espaço
É das estrelas regaço
Feito de tule e cetim.
Vai uma onda... vem outra onda...
O céu – brilhante Golconda! –
Brilha mais perto de mim.
Nuvens refletem na praia...
– Lembram lençol de cambraia
De meus tempos de criança...
Sozinho, a felicidade
Tem um gosto de saudade
De uma remota lembrança...
O mar – gigantesco espelho –
(Eu também nele me espelho!)
Reflete estrelas sem par...
E fico a contar estrelas
Pois enquanto posso vê-las
Eu bem sei que posso amar.
Confundo, entre brilhos tantos,
Poemas, versos e cantos
Que possuo dentro d’alma.
Faz silêncio. O mar me anima:
– Engasto o meu verso à rima
Em odes plenas de calma.
Vejo navios ao longe...
– Lembram procissões de monge
Com contas cheias de luz.
Há no ar um cheiro de incenso...
O mar é sublime, imenso,
Distante – o porto reluz...
Penso em buscar outros mundos
Onde sonhos mais profundos
Povoem a minha vida...
Quero amor e quero glória...
Quero fechar minha história
Numa concha colorida...
Mas na linha do horizonte
A vista faz uma ponte
E não consegue atracar...
Percebo que estou sozinho
E solitário caminho
Buscando alguém para amar.
Ouço vozes estrangeiras...
Desconhecidas bandeiras
Tremulam no céu aberto.
Avisto homens tatuados,
Corpos brilhantes, bronzeados,
Passam por mim, muito perto.
Para mim, que, penso absorto,
Olhando as luzes do porto
Nesta enorme solidão:
Tantas vozes diferentes,
Fariam eles contentes
Ouvindo minha canção?
Entenderiam meus versos;
Se ouvissem cantos diversos
Parariam o trabalho?
Ah, minha rima vadia
Somente em minha poesia
Consegue ter agasalho!...
Vou partir... sem esperanças –
Oh! Mar! Impávido lanças
Sem ouvir minha canção.
No silêncio me recolho
Com ferro faço um ferrolho
E prendo o meu coração...
25.08.1991
Esio Antonio Pezzato
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