Olhar abstrato
Essa ilusão de pedra eu com as mãos esmigalho
E transformo-a no pó plasmado de fuligem.
Pois nesta vida sou paupérrimo espantalho
Que dos sonhos espanta os sonhos que me afligem.
Doida e vaga é a ilusão que me torna um paspalho!
E não sei decifrar de tal enigma a origem.
Sou apenas na estrada um velho e seco galho
Ao sol esturricado e sentindo vertigem.
Muita luz, pouco sol, a ilusão é isso tudo.
E doida a mão escreve um calendário mudo,
Sem luas e estações e sem nada de aviso.
Por isso é esse silêncio e este olhar rude e absorto.
Por isso é que caminho ansiando por um porto
Onde possa encontrar meu antigo sorriso.
Esio Antonio Pezzato
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