Sonetos Decassílabos

Essa obra intitulada "Cheque Mate", Medalha de Bronze no Salão de Belas Artes de Piracicaba no ano de 2005, é do pintor paulistano meu Xará, EZIO MUNARI. A mesma faz parte da minha pequena coleção de obras que adoro tanto...

Soneto encadeado

A sombra do silêncio me apavora

Apavora-me muito o sentir medo.

Medo que o coração clama, clangora,

Clangora e faz sofrer este segredo.

Segredo que faz mal se n'alma mora,

Mora no mais recôndito degredo.

Degredo que alucina, pena e chora,

Chora e o sabor do pranto é amargo e azedo.

Azedo como o fel que vem à boca,

Boca que diz blasfêmia muito louca,

Louca na solidão que tudo assombra.

Assombra-me viver nesta agonia,

Agonia que irrompe a cada dia,

Dia que me apavora nesta sombra.

17.12.1999

 Espreita

 Espaços tantos em caminhos tantos

E rumos a seguir em campo aberto.

Os olhos fitam livres o deserto

Onde vivem ocultos, os encantos.

Com as areias formo régios mantos

Para encontrar algum oásis perto.

Caminho firme, com o passo certo,

Busco a felicidade pelos cantos.

Mas tudo tão distante vive e tudo

Parece estar oculto no segredo

Do silêncio monótono que soa.

O olhar espreita a imensidão e mudo,

Sem dar demonstrações de tanto medo,

A alma do corpo para longe voa.

16.01.2000