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6 de agosto de 2013

Exortação

                                  


                        Exortação






Neste Agosto, quando Piracicaba comemora 246 de sua Fundação,
resolvi colocar aqui em meu blog partes de meu poema "Os Caipiras", já
que tantos amigos têm solicitado o mesmo.
Hoje coloco o CANTO I, a Exortação. Tendo paciência, vão gostar
deste trecho do Poema.
Para quem não conhece, a foto é do Salto do Rio Piracicaba, em época de
enchente.
Esio



 

I

Lindas Musas que estais encarceradas,
Nas cadeias de pedras – onde o Salto
Ronca e troveja, e forma barricadas,
Para levar um tenebroso assalto
Às casinhas que estão todas pintadas
De cal branca, – levai-me, enfim, ao alto,
Para glorificar neste meu verso
A mais linda cidade do Universo!

                       II

Calíope divina aqui me inspira
A contar esses feitos, esses fatos,
Pois tem no peito um coração Caipira.
Mostra ao Poeta todos os retratos
Para poder cantá-los nesta Lira
Da Inspiração usando os artefatos;
Peço que, do Eternal Morro do Enxofre,
Deixe luzir florões deste áureo cofre! 

III

Ou desce logo tu, para a cidade,
Com teu traje brilhando a muita chita,
Desnecessário se vestir de jade
Toda Mulher que é simples e bonita.
Calíope, no peito ora me invade,
Da inspiração uma vontade aflita,
Que preciso se faz compor em cantos
Uma história maior que mil encantos!

                       IV

Vamos juntos contar belas Histórias
Cantadas e lembradas por seu povo;
Mil lembranças retidas nas memórias
Sempre contadas como um fato novo.
Esta Cidade guarda tantas glórias
Que só de ouvi-las com minh’alma as louvo,
Se uma relíquia só for esquecida
A História há de ficar empobrecida!

V

De joelhos pedirei ajuda a Clio,
Para narrar tão magistrais encantos;
Euterpe clamarei, em desvario,
Para ouvir sinfonias desses cantos;
Polínia e Érato irão fluir do Rio
Também para contar, em acalantos
Os amores e os sonhos coloridos,
E os amores vividos e sofridos!

                       VI

O amor do pescador apaixonado
Pela índia que nadava em nosso Rio,
O amor de Laura – triste e condenado
Com destino repleto de arrepio,
Ou o amor com desvelo respeitado,
Por esta Noiva – em mágico amavio,
Dos piracicabanos desta Terra
Defendendo-A com ganas numa guerra!
  
                       VII

Quero cantar a história soberana
Deste Povo gentil, honesto, ordeiro,
Uma história caipiracicabana
Do mais lindo recanto brasileiro.
Quero louvar a Capital da Cana
E que meu canto corra o mundo inteiro,
Que esta Terra repleta de beleza
É um Paraíso junto à Natureza!

                       VIII

Outras existem para outros amores,
Mas eu, aqui nascido, aqui criado,
Jamais encontrarei tantos fulgores
Em outras terras... Hoje, apaixonado,
Trago as tintas de todos os pintores
Para deixar o meu amor gravado
Neste Torrão natal – sublime taba
Que traz o nome de Piracicaba!

                       IX

Co’o mesmo ardor do bardo lusitano
Hoje quero clamar a minha Terra,
Mostrar que sou um piracicabano
Capaz de provocar e fazer guerra
Como o belo poema camoniano.
Se houver, mais que o Everest, um’outra serra,
Eu nela subirei e, com denodo,
Seu nome louvarei ao mundo todo!
                      
                       X

Invocarei Camões, Vergílio, Homero,
Castro Alves, Dante, Milton e outros tantos,
Porque neste poema, enfim espero,
Produzir o mais cálido dos cantos!
Se ele, marcado for pelo exagero,
É que são tantos, tantos, teus encantos,
Que minha rima sempre soa pobre
Para louvar-te num poema nobre!

                       XI

De inspirações de todos os Poetas
Terei razão divina para obtê-las,
E, assim cantar, co’as rimas mais corretas
Este canto bordado com estrelas. –
Que venham todos Deuses e Profetas,
O futuro mostrar com formas belas,
Todos os Visionários e os Artistas,
Que serão necessários às conquistas!

                       XII

Vibrai! Vibrai! da Catedral os sinos!
Santo Antônio, querido Padroeiro,
Abençoai meninas e meninos
Que são partes do povo hospitaleiro.
Reuni, na vossa Cúpula, os destinos
Sublimes deste povo brasileiro,
Deste povo viril, honesto e forte,
Que o estar aqui – do mundo é a grande sorte!

                       XIII

Chegam os barcos! Fortes navegantes
Que percorrendo o leito tieteense
Venceram as jornadas mais constantes.
Muito embora o estrangeiro fale ou pense
Que os Poetas daqui são mais amantes,
– Co’o espírito e o discurso de um forense
Eu irei defendê-la, com orgulho,
Como os de Trinta e Dois, Heróis de Julho!

                       XIV

Surge “A Piracicaba – minha Terra!”
Poema colossal de Lino Vitti,
Que em rimas de ouro num sacrário encerra
As belezas sem fim desta Afrodite.
Por isso, no cantar, a voz não erra,
(Muito embora ela pobremente imite!)
Que canto com prazer este recanto
“Cheio de flores” e “cheio de encanto!”
                      
                       XV

Ah! Newton Mello que, inspirado, um dia,
Disse a “saudade que nos punge e mata!”
Também quero que minha alegoria
Fique gravada em címbalos de prata,
Que desejo, ao compor minha poesia,
Ter os acordes de uma serenata
Na voz de Alexandrino ou de Cobrinha,
Por que minh’alma dela se acarinha!

                       XVI

Ah! Miguelzinho, aqui vieste um dia,
Colher as cores para encher as telas,
Ouvir a rima para uma poesia,
Pedras achar para entalhar estrelas!
E o Rio ouviu a tua melodia
Plena de notas suaves e singelas.
E após deixaste ao nosso olhar absorto,
O belo Passo do Senhor do Horto!

                       XVII

Nadai, Musas, nadai! Vinde cá perto
Deste poeta em pensamento absorto,
Que ele canta às areias do deserto,
Para um oásis que de vida é morto...
Vou pensativo por um vale incerto
A procurar, talvez, um belo porto,
Onde a vida, mais bela se me nutra,
Numa paisagem de Archimedes Dutra!

                       XVIII

Quem, Archimedes, pode contestar-te?
Eras a vida transformada em cores!
Em cada tela que pintavas a arte
Explodia em frenéticos fulgores.
Com as tintas fizeste um estandarte
E o mundo conheceu nossos amores:
– O Rio, o Salto, o Engenho alabastrino,
E a nossa bela Festa do Divino! 

                       XIX

Ah! Pádua, que na velha Itália linda,
Co’o sangue o frio a penetrar-lhe a veia,
E o coração sofrendo a dor infinda
Da saudade chegando em taça cheia,
Sentindo estar sua aventura finda
E que morria em terra estranha e alheia,
Ao perceber que sua vida falha,
Faz, de nosso Pendão – sua mortalha!

                       XX

Alípio, que vivendo em terra estranha,
Nunca pôde esquecer esta cidade...
Terras correu – na aventurosa sanha,
Para, a todos, mostrar sua verdade...
Partiu, mas sempre teve em sua entranha,
As lindas cores da felicidade!
Quando sentiu seu sono sempiterno,
Aqui voltou para ficar eterno!

                       XXI

João – sempre vivo em natureza-morta,
Fez de nossa cidade, seu recanto,
Piracicaba foi excelsa porta
Onde ao mundo mostrou seu terno encanto.
Esta cidade foi-lhe a veia aorta
Onde o sangue jorrou em cada canto,
Para gravar em fulgurantes telas,
As paisagens mais lindas e mais belas.

                       XXII

Joaquim, quem mais pintou o nosso Rio,
Nossa rua do Porto ou o Mirante?
Quem, tendo o coração no eterno cio,
Fez de Piracicaba a sua amante?
Na Eternidade lanço o desafio
Porque sempre serás – e a todo o instante,
Aquele que, no amor – todo ansiedade –
Mais vezes retratou nossa Cidade.

                       XXIII

Da estesia Frei Paulo fez Escola
E sendo um visionário, um grande esteta,
Da pintura mostrou a mestra mola,
Brilhando igual esplêndido cometa!
Tu’arte aos tempos largos extrapola
Porque mais do que Mestre – eras Profeta!
Porque ensinaste tanto e tanto e tanto,
Com as cores de terra de teu manto!

                       XXIV

Adâmoli, genial malabarista,
Tua pintura lembra as áreas planas
Por onde segue o lavrador artista
Na picada simétrica das canas.
Num plano superior, tua conquista,
Lembra caudas que brilham espadanas
E vão e vem num cromatismo etéreo
Até alcançar o azúleo espaço aéreo!

                       XXV

Thomazi, num duelo com as cores,
Entre sombras e luz brotava em tinta,
E o Araritaguaba em esplendores,
Surgia de maneira mais sucinta...
– Prados, sítios, montanhas com mil flores,
Pintavas de maneira mais distinta,
E nesse abismo multicolorido
O Artista ressurgia decidido!

                       XXVI

Faustino, com tão belas naturezas,
Filigranadas com polcãs, com pêras,
Uvas, potiches... Tínhamos certezas
De pinturas reais, de primaveras
Floridas e pintadas com destrezas...
Artista! Artista! Acaso tu não eras
De trasflor o real significado?
– Teu nome – com saudade hoje é lembrado! 

                       XXVII

Retrata, Ciro, com a sutileza
Da arte Naïf, as nossas puras lendas,
“Causos” pintados têm tanta beleza
Que emoldurados com etéreas rendas,
Deixam mais linda a nossa Natureza,
Que o entendimento não requer legendas.
Por isso que, Poeta mais me inspiro,
Quando isso tudo posso ver em Ciro!

                       XXVIII

Olavo nas mais líricas paisagens
Retratava-te em terno amor profundo,
Descobrindo recônditas miragens
Num cromatismo empírico e fecundo.
Com suas telas tínhamos viagens
Para levar Piracicaba ao mundo;
E ele, com muito amor, muito carinho,
Na Noiva da Colina fez seu ninho.

                       XXIX

E outros mais surgem, que a Epopeia é imensa!...
– Costa, Mattos, Stella, Sêga, Eugênio,
Todos imbuídos de uma santa crença,
Vendo nesta cidade – seu proscênio,
A todos vós eu faço a recompensa,
Eis que em cada um de vós brilhou o gênio,
Que declarou, de forma alabastrina,
O eterno amor à Noiva da Colina!

                       XXX

Canta, Aldrovandi, com ternura e graça,
A Vila e seus Vilões – escreve a história
Do povo rezendino e sua raça
Que à Noiva da Colina trouxe glória.
Mostra também, o mundo da trapaça,
Que carregas retido na memória,
Que faz a gente rir às gargalhadas,
Com fatos divertidos das ranchadas...




                       XXXI

Ai, as ranchadas, onde as pescarias,
Regadas com amor, com amizade,
Eram hinos de líricas poesias
Que turismo traziam na cidade.
Histórias onde belas fantasias
Misturavam mentira com verdade,
Causos fantásticos – antigas lendas,
Farras miraculosas, estupendas...

                       XXXII

Os ranchos vinham ser a beira-rio
Casas para passar fins-de-semana,
E fizesse calor, ou forte frio,
Era uma festa piracicabana.
Trucada, pescaria, vozerio,
E uma cachaça da mais pura cana,
Vinham multiplicar as amizades
Com turistas de todas as cidades.

                       XXXIII

Na canção modelada de ternura
A exuberante Mestra Laudelina
Um mundo novo cheio de aventura
Para nosso deleite descortina.
E todo o seu lirismo em forma pura
Faz encantar a Noiva da Colina,
Que aureolou o seu nome como um astro,
Pois além de Cotrin era de Castro!

                       XXXIV

Nascido em São José do Rio Pardo,
Veio cedo morar nesta cidade
E aqui lutou – fenomenal leopardo –
O grande mestre Benedito Andrade.
Teve de carregar o duro fardo
De negro ser, porém, com humildade,
Deixou o seu valor, a sua palma,
Mostrando não ter cor, na vida, a Alma! 

                       XXXV

Ah! Brasílio, de Deus tu foste o Eleito!...
Para Piracicaba tu viveste
E, hoje, toda a cidade em terno preito,
Eleva-te ao cenáculo celeste.
E este poeta, cheio de defeito,
Com rimas pobres quer fazer-te a veste.
Contemplando no inverno a alva neblina,
Cognominaste a Noiva da Colina!

                       XXXVI

Canta, Giannotti, “Gargantinha de Ouro”
Tua, de amor, declaração tão linda...
Esta cidade foi o teu tesouro,
Onde encontraste a grande paz infinda!
Canta, Lagreca, forte como um touro,
Poemas que ficaram na berlinda,
Fala do Monte Alegre, do Saibreiro,
Fala de nosso povo hospitaleiro!

                       XXXVII

Canta, Pedro Chiquito, a linda prece,
Na beleza do verso repentista,
De Parafuso a gente nunca esquece
Que era um Caipira de primeira vista.
Nhô Serra hoje no céu as rimas tece
Com talento de um mágico alquimista,
No Cururu e na Caninha Verde
A alma em ternuras, bem feliz se perde...

                       XXXVIII

Canta, Nhô Chico, com ternura imensa,
Tua Missa Caipira em doce arpejo,
Que tua viola gema como crença
Na carícia de amor de um terno beijo
Que Deus te oferta, como recompensa,
Tudo o que nesta vida for-te ensejo.
Canta em rimas suaves, lavradias,
Nossa Terra repleta de poesias... 

                       XXXIX

O grande Flávio de Toledo Piza
Com suas Plumas ao sabor do Vento
Sempre em linguagem leve como a brisa
Para a literatura deu sustento.
(Porém a morte, que a ninguém avisa,
Veio um dia tombar o Monumento
E ele em silêncio, sem adeus dizer-nos,
Foi viver n’outros páramos eternos...)

                       XL

Oh! Poetas, uni a vossa rima,
Num canto Universal, num canto onde a alma
Receba a Inspiração que vem de cima,
Cantada com carinho e muita calma.
A cidade que o mundo todo estima
No coração somente amor empalma;
Por isso é necessário um verso novo
Para ficar de vez n’alma do povo.

                       XLI


“Piracicaba que eu adoro tanto!”
Início do refrão do mágico hino –
Porém, é necessário que outro canto,
Faça na Catedral tocar o sino.
Que a rima deste verso seja o manto
Para cobrir de luz nosso destino
Que surge alvissareiro, nobre, puro,
Para todos os dias do Futuro!

                       XLII

Desfralda a tua voz, ó Losso Netto!
Com que talento tu a defendias
Com carinho, com gana, com afeto,
Em teus Editoriais, todos os dias!
Das palavras tu foste um Arquiteto
E estavas sempre e sempre entre vigias,
Com Sebastião Ferraz foi o soldado,
Que na luta jamais foi derrotado! 

                       XLIII

Salvador de Toledo, eras Cientista,
Poeta ou Sonhador?... Que mais tu eras?
Tua cabeça branca de alquimista
Continha opiniões nobres, severas...
Ah! Louco ateu! No império da conquista
Floriste mais que belas primaveras;
Eras o Sol e teu Saber profundo
Fez ideias luzir em todo o mundo!

                       XLIV

Jacob e Júlio Diehl, Joaquim do Marco,
Ah! Que falta fazeis nesta cidade!
Sempre empunhando com a flecha um arco
Éreis um hino contra a iniquidade.
Se o pensamento para vós é parco,
Gravá-lo-ei no Céu da Eternidade,
Febeliano, Aquilino, Coriolano,
Glórias do povo piracicabano!

                       XLV

E como urde a memória na labuta
No grande Templo Piracicabano,
Quero estampar ao povo a grande luta
Travada com a raça de Luciano!
Homem de ideia forte, resoluta,
Governava igualmente a um soberano...
Tudo fazia para o bem daquela
Na qual viveu e, após, morreu por ela!

                       XLVI

Humberto, Nélio, Cássio, e Felisberto!
São Panteões que a memória nunca esquece!
Sempre co’o pensamento largo, aberto,
Para o porvir... (Oh! Musa, nesta messe,
Outros mais brilham neste rumo certo:
Salgot e Gonzaga ficam nesta prece
São gigantes gravados nessa história,
E são partes de um Todo nessa Glória!
                       
                       XLVII

Romeu Ítalo Rípoli! Teu nome
Ligado intimamente ao nosso esporte
Jamais o tempo – rápido! – consome,
E não se apaga ao vasquejar da morte.
Sai do Sono Profundo e vem, com fome,
Dizer que teu Espírito ainda é forte,
E que podes lutar, (ainda me lembro),
Co’o Esporte Clube XV de Novembro!

                       XLVIII

Ah! Rocha Netto, que saudade imensa,
Quando o XV era forte e era temido!
Vinham da Capital, homens da Imprensa,
Para ver nosso Escrete decidido
Jogar – só para ter a recompensa
De por prazer ter o dever cumprido!
... Quando veremos novamente a raça
De Idiarte e de Gatão erguendo a taça?

                       XLIX

Era o Gomes Pedrosa uma “panela”
E a torcida, deixava incandescentes
Os jogadores... E era uma aquarela
De bandeiras no céu, tremeluzentes,
Quando saía um gol de forma bela.
Adolfinho e Curtinho em sonhos crentes,
Faziam sacudir o próprio Estádio,
E Ari e Marques gritavam gol na rádio!...

                       L

Nós, tristes, percebemos que o Glorioso
“Nhô Quim”, imerso em triste adversidade,
É apenas um fantasma vergonhoso
Daquele que nos deu felicidade.
Há sempre um comentário malicioso
Que faz empobrecer nossa cidade,
Que já viveu com o XV tantas glórias,
Em páginas de luz de mil histórias!
              
                       LI

Hoje o Estádio Barão da Serra Negra
Não tem, não, o it do campo da Regente...
O futebol mudou a sua regra
E a violência campeia impunemente...
A torcida, calada, não se alegra,
De ver o XV tímido, descrente...
Atletas sem um mínimo de brio
Deixam o Estádio insípido, vazio...

                       LII

E quando era o Brasil, com sua ginga,
Do futebol o campeão do mundo
(Hoje somente uma saudade vinga
Daquele jeito de esplendor profundo!
– Para vencer se faz até mandinga!)
E o talento era tanto e tão fecundo;
Que o Brasil era mesmo o bom de bola
Com De Sordi, Coutinho e com Mazolla!

                       LIII

Eles representavam nossa Terra
Mostrando a galhardia, o amor e a graça.
O bom drible era a arma nessa guerra,
Até que conquistaram a áurea Taça.
Tanto talento assim não mais encerra
Em nosso XV, que hoje não tem raça,
Não tem brio, não tem capacidade,
E muito menos – força de vontade!
             
                       LIV

Houve também o “Cabecinha de Ouro”,
O Baltazar, que foi campeão Paulista,
Grande Chicão – potente como um touro
Que na bola mostrava ser artista.
O “A” Encarnado que era bom no couro,
No futebol enchia a nossa vista;
Maf, União Porto, Vera Cruz e tantos
Outros que só faziam ter encantos!...
  
                       LV

E no basquete o XV era invencível!...
Nosso Quinteto era o maior do mundo!
Cada partida o show pairava incrível;
Pecente e Arruda com ardor profundo:
Wlamir – o Diabo Loiro! – era temível;
Nascimento – infernal! Tosi fecundo!
Eles viam tremer os adversários
Quando mostravam ser doidos corsários.

                       LVI

Também houve o Quinteto feminino
Que encantou o Brasil em rara cena;
Paula com puro toque genuíno
Heleninha e a genial Maria Helena...
Cesta bola! E selava-se o destino
De um ritual que só o passado acena...
Hoje não temos mais essas artistas
Que à cidade trouxeram mil conquistas!

                       LVII

Cícero, grande na fotografia,
Alegre registrava a sociedade;
À Noiva da Colina ele vivia
Imerso num sorriso de amizade.
No carnaval vibrava de folia
E mostrava também para a cidade
Um Nhô Quim que alegrava as nossas vistas,
Simbolizando o XV nas conquistas!

                       LVIII

E o que dizer desse maior destaque
Que é Luiz de Queiroz? Há algum engano
Em proclamar a nossa bela ESALQ
Maior orgulho piracicabano?
Que para sempre fique, igual decalque,
Gravada em letras de ouro em nosso arcano
E para toda a geração futura,
A Escola Superior de Agricultura!

                       LIX

Foi Luiz de Queiroz nesta cidade
O maior visionário que tivemos,
Pois além de trazer a claridade
Nos piracicabanos céus supremos,
Ofereceu também, com ansiedade,
Às mãos que tão-somente usavam remos,
A Fábrica chamada Arethusina,
Tecelagem da Noiva da Colina.

                       LX

Ai, chora o coração numa ansiedade,
Perdida já num mundo de distância...
É que meu coração chora a Saudade
Da minha tão querida e amada Infância.
E choro por lembrar Thales de Andrade
Que em livros magistrais traz a fragrância
De um tempo que lembramos como prece
E que jamais o coração esquece...

                       LXI

Conta-nos Thales, mágicas histórias,
Dos sítios, das cidades, das fazendas,
Aviva nossas tímidas memórias
Em páginas sublimes, estupendas...
Canta Piracicaba e suas glórias,
Os fatos de um passado e suas lendas,
Conta suas verdades de mentira
Entesouradas em preciosa Lira!...

                       LXII

Thales de Andrade, a tua fantasia,
Vive no coração sempre criança.
Se, preocupavas com a ecologia,
E com ela travavas aliança,
Sabias tu que dia menos dia
Por ela iríamos erguer a lança
E defender num forte desafio
As agruras que estão em nosso Rio. 

                       LXIII

E também nossas matas dizimadas
Pelo progresso fúnebre e cruento.
Em quais perdidas, negras madrugadas,
Teve início o processo atroz, violento,
Que dizimou paisagens encantadas?
A Filha da Floresta num lamento
Chora, Thales, num vale denso e escuro,
Por ver as matas mortas no futuro.

                       LXIV

Crianças do Brasil, do mundo inteiro,
Thales vem convocar nossas crianças
Que tragam n’alma um sonho verdadeiro
E sorrisos repletos de bonanças,
Para mudar o sonho de guerreiro
Num mundo colorido de esperanças,
Com amor, muita paz, muita verdade,
Com alegrias de fraternidade!

                        LXV   

A modular a imagem com ternura
Portante de su’arte o barro amassa,
E tanto o deus-criador e o deus-criatura
Tem beleza no olhar, nas mãos a graça.
Em cada estátua magistral fulgura
O delírio de amor que nunca passa.
Seu legado maior de maravilha
É no Lar dos Velhinhos que rebrilha!

                       LXVI

Rontani cria vida aos personagens
E o Nhô Quim, nosso símbolo querido,
Passa a viver em sucessão de imagens
Com seu jeito Caipira de atrevido.
Através dessas lúcidas viagens
Nosso viver se torna mais querido;
E depois na sessão do Jornalzinho,
Tece Curiosidades, com carinho. 

                       LXVII

Diz, Alfredo Cardoso, na verdade,
O que é ser um Caipiracicabano;
Canta, Godinho, com intensidade,
Mesmo que vivas hoje em outro plano.
Soletra, doutor Lula, com saudade,
Um novo canto que não haja engano,
– E sempre com cuidados e carinho
Temos nós os afetos de Zezinho!

                       LXVIII

Querida Mestra Jaçanã Guerrini,
O Saber foi teu guia e teu anseio,
Nos páramos celestes te ilumine
Teu Negrinho que co’a alma em prantos leio...
E de alegrias juvenis nos mine
Que a alma fica melhor no devaneio,
E a realidade – transmudada em sonho –
O nosso coração deixa risonho!

                       LXIX

Leandro Guerrini, com sabedoria,
Era Porta-Estandarte, que ensinava,
E era Léo Guerra, eterno na poesia,
Que, os Caminhos Ocultos, desvendava...
Tinha por este chão a idolatria
Que deixa, em puro amor – toda a alma escrava!
Teu nome ficará sempre constante,
Na Força de um Primeiro Vigilante!

                       LXX

Mestre Leandro Guerrini, tua “História
Em Quadrinhos” é rima neste Poema,
Relicário que guarda a nossa glória
Cada tópico é a pérola suprema,
De áureo colar que temos na memória
E qual sol brilhará como diadema
Pelos confins de toda a Eternidade,
Que é o registro maior desta Cidade. 

                       LXXI

Ah, Passarella, que saudade imensa,
Do Politheama e da Calçada de Ouro!
A juventude ali, de forma intensa,
Fazia obrigatório ancoradouro
E em festas declamava a sua crença...
A tua bombonière era um tesouro:
Pequenina por fora, mas cabia,
O coração de toda a freguesia.

                       LXXII

Hoje o encanto da Praça além se perde,
Os casarões deram lugar aos bancos...
Talvez nosso futuro já não herde
(Pois o progresso chega aos solavancos)
Aquele sonho idolatrado e verde
Que teima em pintalgar os muros brancos
Junto às floridas heras da esperança,
E tudo fique apenas na lembrança...

                       LXXIII

João Chiarini, mestre do folclore,
Com disparates loucos, alquimista
Dos neologismos, nossos céus colore...
Ideia em turbilhão sempre imprevista,
A Argamassa talvez, sangrando chore
Tua partida... Se eras comunista,
Já não importa, pois com ansiedade,
Piracicaba foi sua cidade!

                       LXXIV

Ubirajara Malagueta Lara!
Lindo Poeta que morreu tão cedo.
Em ti o verso era uma joia rara
E o modernismo foi o teu brinquedo.
Tua voz em silêncio ainda declara
Que o Poema contém muito segredo;
Desvendando apalavradoEUpoeta,
Em Queda Livre traço a minha meta.
  
                       LXXV

Mil versos no silêncio estão guardados
Que justamente foi tua vontade.
Contudo, se eles fossem publicados,
Iriam agradar uma cidade.
Ubirajara, os versos são brocados,
E devem cintilar mesmo em saudade.
– Que num raio de luz abram-se os cofres
Mostrando-nos tesouros com estrofes!

                       LXXVI

Velho Mandy e trovador Lourenço,
Com seu singelo tom primitivista
E com a alma cantando em sonho denso,
Sonhos caboclos, eras mais que artista;
Tinhas nas cores um carinho imenso,
Que vibram com ternura em nossa vista.
Cantando sempre co’o Sorocabinha,
Um pináculo foste na Terrinha!

                       LXXVII

Canta, Frei Marcelino, com encanto,
“Piracicaba, Noiva da Colina!”
Exulta em doce voz o terno canto
Que com amor, ao coração se ensina.
Teu hino também vibra sacrossanto
À Noiva que se faz sempre menina.
Quando a neblina as suas formas cobre,
Ela se faz mais lírica e mais nobre!

                       LXXVIII

Tadeu José Francisco é uma saudade
Que foi tragada pelo mar insano,
Tinha a ternura e a sensibilidade
Esse cantor caipiracicabano.
Mas foi, porém, cantar na Eternidade,
Nas sibilantes ondas do atro Oceano;
Era tão jovem, lírico, e trazia,
Para nos dar – a música e a poesia! 
             
                       LXXIX

Zorline com talento exuberante
Moldava, dos Morganti, as esculturas,
E Castilho, co’o peito sempre amante,
Com versos dava imagens raras, puras.
Luísa Stipp na escrita exuberante,
E Nogueira em fatias de aventuras,
Ana Bertozzi com soberbo orgulho,
Exaltava os Heróis do mês de Julho!

                       LXXX

Luiz Guidotti, mestre do gatilho,
Mostrava toda a sua pontaria.
Suas exibições tinham o brilho
Da perfeição profunda da magia.
Tal como um trem correndo sobre o trilho
O seu tiro veloz também corria.
Como Rei do Gatilho conhecido,
Na cidade jamais será esquecido.

                       LXXXI

Olênio Veiga – mago do violino,
Dedilha com amor seu instrumento,
Brasiliense ao piano mais divino,
(Que a música tocada ao som do vento
Preenche de canções nosso destino).
E junto de Fabiano em sortimento,
Faz que Piracicaba fique mística,
Co’a Sociedade de Cultura Artística!

                       LXXXII

Virgínia em seu silêncio vai embora
No canto matinal do galo preto.
Em três quartos de século, Senhora,
Mil rimas engastaste no soneto.
Quando um dia estiver-me em frente a esta hora,
“Os Caipiras” serão meu amuleto.
“Judas” há de esperar-me em aventura
E ensinar-me a fazer a “Semeadura”.
  
                       LXXXIII

O doutor Preto é nossa referência
Na ternura, no amor e na bondade.
Irmãos Rebouças mostram competência
Na grande arquitetura da cidade.
Tais Histórias Noedi nos traz a ciência
Rendilhada na força de vontade:
Brancos, negros, mulatos, amarelos,
Cuidando de criar sonhos mais belos!

                       LXXXIV

Dando um brilho de sol a esta cidade
No Karamba’s que sempre acontecia
A reunião de nossa Mocidade;
No Grill Dog era o Caio que sorria,
E na Inca havia um canto de amizade.
Pansa vibrava em mágica euforia
E os jovens no Daytona em cantos belos,
Arquitetavam sonhos e castelos!

                       LXXXV

O sonho de uma antiga serenata
Na voz de nossos ternos seresteiros
Soa ainda no luar denso de prata
E sacode rosais pelos canteiros...
A música mil sonhos arrebata
E deixa corações alvissareiros.
Tanto que Jorge e Anuar iguais meninos,
Do Bom Jesus fazem tocar os sinos...

                       LXXXVI

Penezzi, faz acordes encantados,
Belluco, ao violão se faz um mago,
Marco Abreu, tece sons apaixonados,
Coimbra, vem do céu num doce afago.
Fábio, faz reviver sonhos alados,
Em cada coração, num sonho vago,
Alarcon com imensa suavidade,
Viaja pelos Caminhos da Saudade! 

                       LXXXVII

Bolão todo ternura, alma criança,
Modula sonhos com a voz – e encanta!
E em nossos corações pulsa a esperança
Que até Deus, inspirado, no céu canta.
É incerto de onde veio tal herança
Que essa voz tem ternura sacrossanta
Também a nossa vida se ilumina
Com acordes da Essência Feminina!

                       LXXXVIII

Largo dos Pescadores, e a seresta,
Entre noites de encantos acontece...
No Bar Cruzeiro Jayme Cúrsio empresta
A sua voz para sentida prece.
Teresa, Sueli, Chaddad em festa
Enquanto que Zezé mais doce tece
Quando a lua no céu escorre em prata,
Os acordes de velha serenata...

                       LXXXIX

Lúcia Krug e Celisa e Bernardete,
Cecília e Débora com terno encanto,
Com Egídio e Bonilha o eco repete
As mais belas canções que amamos tanto!
Raul e Raphael num só verbete
Cínthia faz o coral num terno canto,
Com Hélio e Justo a música é mais vida;
Piracicaba fica mais florida!

                       XC

Zé ABC mestre do jornalismo
Cria mais uma Crônica do Dia,
Nela semeia o mágico lirismo
Para aguçar a nossa Fantasia.
Com Barreiros em grande patriotismo
Desta cidade mostra mais poesia
Com passos de Aprendiz mil sonhos herdo
E com Maurício piso o pé esquerdo! 
                      
                       XCI

Chega de Minas, e antes que eu me esqueça,
De Cocenza recordo uma anedota.
Papo mineiro com virado à beça
É amizade Caipira que mais brota.
Qualquer encontro e acaba logo a pressa
E a gente olhando-o com carinho, nota,
Que ele parece, antes de ser mineiro,
Caipiracicabano verdadeiro.

                       XCII

Bela Síria também nos trouxe Elias
Com arabescos modos e costumes,
Salamaleiko! diz todos os dias
Quando seus olhos brilham tais dois lumes.
Imerso em suas belas fantasias
Fala de nossa terra e causa ciúmes,
Pois um sírio ter alma de Caipira
É inspiração que faz brotar a Lira.

                       XCIII

Athayde chega de Tupi Paulista
E traz poesia para nosso encanto.
No palco se transforma em grande artista
Quando solta a Palavra com seu canto.
Declama versos a perder de vista
E entre Colunas nunca eu o suplanto
No Navio Negreiro os seus reclamos,
Do Poeta baiano, que adoramos.

                       XCIV

E assim cantando com tamanho afeto
Meu coração feliz fica sorrindo.
Aqui nasci e tenho o céu por teto!
Neste solo que está sempre florindo
Tive o conhecimento do Alfabeto
Num sonho de magia puro e infindo.
Com Terezinha Kraide, carinhosa,
Mestra querida, amada e dadivosa! 

                       XCV

Se Guerrini, Samuel, Chiarini e Neme,
Em capítulos contam nossa História,
Foi Manoel Marques o primeiro leme
Quem deu início a toda a nossa glória.
Joaquim Silveira Mello e, a mente treme
Por citá-lo de forma merencória,
No “Almanaque” de mil e novecentos
Começou a narrar tantos portentos.

                       XCVI

Mário Sampaio exalta a Agronomia,
Jair Toledo Veiga também canta.
Nair Barbosa em Mosaicos faz poesia
Com Rossini a cidade mais se encanta.
Newton Costa conserva a melodia
E Acary de Oliveira se quebranta.
De escritores buscando novos fatos,
                      Adriano compilou novos retratos.

                       CVII

Como Terra de exímios escritores
Quantos livros já foram publicados
Narrando fatos, lendas e valores,
Ou, ternos corações apaixonados,
Versos contendo cálidos amores
Dos Poetas divinos e inspirados!
Piracicaba mostra neste vulto
Amor às Letras num enorme culto!

                       XCVIII

Com descendência de duzentos anos
Marly nos conta histórias fascinantes...
Recorda fatos piracicabanos
E Ypié brilha em todos os quadrantes...
Desvenda a história elucidando enganos
E do passado mostra seus semblantes;
Registra tudo com intensidade
Para fazer valer nossa verdade! 

                       XCIX

Às vezes são retalhos de folclore,
Ou nossa história em inspirada crença...
David, Maynard, Guilherme, Carradore,
Mostram trabalho de vontade imensa.
Outras vezes, o céu de luz colore,
E mostra toda a sua recompensa:
Guerrini e Iglésias, com geniais histórias,
Gravam as nossas lendas, nossas glórias!

                       C

Pichina em belos textos nos convida
A dar lindos passeios no passado,
Cezário com ternura comovida
Mostra a vida existente do outro lado.
Myria nos mostra uma estação florida
Tendo no peito um coração dourado.
Denny põe luz nos mais formosos sonhos
Sacconi os nossos dias faz risonhos.

                       CI

Na crônica Libânia é insuperável,
Fala das tradições desta cidade.
Sendo por vezes dura, ou sendo amável,
Escreve tudo com sinceridade.
Com sua verve esplêndida, indomável,
Dominando o vocábulo à vontade,
Na perfeição do ourives, com insânia,
Rebrilha, sempre incógnita, Libânia.

                       CII

E há também o Jornal, na grande prece,
De Losso Netto, publicando Versos.
A Tribuna, do Evaldo, em loura messe,
A encher de luz os largos Universos.
O bom verso, o nosso âmago abastece,
Dos de amor os eflúvios mais diversos;
Assim Piracicaba em alegria,
Amanhece rimada de Poesia! 

                       CIII

Ah, Poetas divinos, sois por certo,
O elo de Deus que liga o Céu à Terra;
Vós floresceis na areia do deserto,
Fazeis vibrar no píncaro da serra.
Ficais desta cidade sempre perto
Que cada coração amor encerra,
Exaltai esta Noiva em vossos versos,
Nos recantos dos vastos Universos!

                       CIV

Cantai o nosso Rio tão divino,
E a beleza sem par de nosso Salto,
Deixai cheio de luz nosso destino
Para que nossa Noiva, num assalto,
Possa ter seu futuro purpurino...
Oh, Poetas, louvai-a em tom bem alto,
Que assim os vossos corações frementes,
Desta Noiva serão súditos crentes!

                       CV

Vós todos inspirais em Newton Mello,
Quando fordes criar o vosso canto,
E o som de vossa rima seja belo
Para ao mundo causar tremor e espanto.
Mas que diga de modo bem singelo
Piracicaba que adoramos tanto!
Assim a estrofe pura do poema
Terá o brilho da jóia mais suprema!

                       CVI

Se um Príncipe Divino nos inspira
Através do Soneto e da Balada,
É natural que tanja a nossa Lira
Em devaneios n’alta madrugada.
Se noss’alma de joelhos tanto o admira
Sentindo-se ficar mais inspirada,
Com suas mãos ele nos ceda a bença
– Dourada rima como recompensa! 

                       CVII

Lino Vitti é esse Príncipe Divino
Que rendilha de amor seu principado.
Acolheu os meus sonhos de menino
Remendou o meu verso pé-quebrado.
Devo a Ele toda a luz de meu Destino
Que, co’as Musas, ficou iluminado;
Se Ele tanto ajudou em minhas messes,
Em versos lhe ofereço ternas preces!

                       CVIII

Com palavras Cecílio Elias Netto
Mostra talento esplêndido e invencível.
Outrora no “O Diário” era o arquiteto
E na Província ainda se faz terrível.
Dominando os segredos do alfabeto
Tece o seu parecer de modo incrível.
E sempre com repentes de poesia
Mostra-se majestoso em seu “Bom Dia”.

                        CIX

Recolheu nossas pérolas exóticas
Num folclórico e estranho Dicionário.
Tal compêndio de frases tão caóticas
Definem bem nosso falar diário.
Dialeto de palavras estrambóticas
Desta cidade traça o itinerário.
Ao ler tantos verbetes em assomos,
Percebemos quão ricos todos somos.

                       CX

Em taças de cristal, canta, Marina,
A Receita de Amor num verso puro.
Também exalta a Noiva da Colina
Para todos os dias do futuro.
Porque tu’alma eterna de menina
Jamais cantou sequer um canto duro.
E no segredo secular da trova
Sempre inventaste uma mensagem nova.             
              
                       CXI

As grandes tradições desta cidade
Tem também sua marca registrada.
Seria, resistir, calamidade,
A uma piapara no tambor assada;
E a gulodice vem, com ansiedade,
Quando aqui, com carinho, é degustada,
Puro creme de milho – ai, ânsia louca! –
As pamonhas que adoçam nossa boca!

                       CXII

Dentro de nossas tradições tão belas,
Surgem os mais sublimes personagens,
Em nossos céus são magistrais estrelas,
Perpetuados em mágicas tatuagens
Das formas mais sublimes e singelas.
Todos eles cintilam como imagens
Imortais ao passar por nossas ruas
De formas simples, rebuscadas, nuas...

                       CXIII

O Carlão conta histórias fabulosas
E, Maestro da Energia, doma os raios,
Madalena em risadas audaciosas
Vive, do carnaval, fazendo ensaios...
Dentro dessas lembranças tão gostosas,
Ressurge o Bruno envolto em seus balaios
A gritar, a gritar, vermelho e afoito,
De forma pura e peculiar: bis-coi-to!

                       CXIV

No teatro a cidade exulta e brilha:
Tan-tan, Metamorfose, Andaime, Ceta...
Em cada peça vibra a maravilha
Que mais encanto traz para o Poeta.
E Carlos ABC segue na trilha
Com Rodrigo mil sonhos arquiteta.
Lyson Gaster fulgura em grandes planos,
Chapéu exalta os piracicabanos! 
             
                       CXV

Piracicaba com as Musas dança
Em grandes sonhos de carícia plena.
Jussara faz brilhar verde esperança,
Cristina magistral fulgura em cena.
Em passos tais o coração criança
Para o Infinito azul a mão acena.
Túbero vibra em mágico domínio!
Nina e Tutu envolvem-se em fascínio!

                       CXVI

Zé Maria Ferreira era a presença
Obrigatória nos eventos d’Arte.
Era seu elogio pura crença,
Era sua bandeira um estandarte
Para a Cultura aqui, de forma intensa,
Vibrar perseverante em toda parte.
Crítico – muitas vezes foi ferido,
Porém, perdoava ao soco recebido.

                       CXVII

A sua ausência – mais que uma saudade
Deixa Piracicaba mais vazia.
O seu verbo era um hino de verdade,
Seu silêncio hoje é rima de poesia.
Calmo e tranquilo, ao certo esta cidade
Não soube dar valor a Zé Maria.
Mas ainda este silêncio – em forte estrídulo,
Traz nitidez explícita ao falso ídolo!
                      
                       CXVIII

O piracicabano íntegro e honesto,
Orgulhoso de ser um brasileiro,
E sempre carinhoso com seu gesto,
Quando precisa ser hospitaleiro,
Atento para um útil manifesto,
– Se necessário – torna-se guerreiro!
Sai para a luta, faz a sua glória,
E fica perpetuado nessa história!
          
                       CXIX

Salve, Torrão Natal! Pátria que um dia
Nos legou homens fortes e briosos,
Que erguendo gládios foram à porfia
E voltaram soldados valorosos.
Salve, Terra sagrada da Poesia!
Se já tivemos dias procelosos,
Hoje vivemos com a paz e a calma,
Trazendo risos puros dentro d’alma!

                       CXX

Esta Piracicaba sempre bela
De nosso coração merece a crença,
Tanto já foi pintada numa tela
(Pois a sua beleza é tão intensa!)
Que se convive enamorado dela.
E ela que oferta como recompensa
Para que de maneira apaixonada,
Erijamos aqui nossa morada.

                       CXXI

Piracicaba é Terra-Mãe, por isso,
Recebe, pondo a voz num estribilho,
Como sublime e puro compromisso
De qualquer outra terra um nobre filho.
E aqui lhe oferta um lar, lhe dá serviço,
E lhe dá chances para que haja brilho
De vencedor – e mostra ao mundo inteiro
Que aqui louvores tem todo o estrangeiro.

                       CXXII

Esta é nossa Cidade, é nosso Mundo,
Neste nosso País – é nossa Terra!
A amamos com amor puro e profundo
Pois nosso coração amor encerra.
Tanto desejo torna-se fecundo
Também a nossa crença jamais erra:
E por isso ressoo a voz no encanto:
Dizendo simplesmente que A amo tanto!
            
                       CXXIII

Esta Piracicaba que adoramos
É com certeza a nossa Mãe querida.
– Árvore onde florescem belos ramos
Onde a paisagem fica mais florida.
Cidade que ouve mágicos recamos
Para que mais feliz se torne a vida;
E com gestos nos dá – irresolutos,
Os mais dourados e mais raros frutos!

                       CXXIV

Tudo brilha e fulgura em tal encanto,
Nesta cidade eternamente bela.
Piracicaba soa como canto
Nos brasileiros céus é grande estrela.
Às vezes chega a provocar espanto
Quando vai retratada numa tela.
Sua beleza, em êxtase, impressiona,
Que a alma dela em instantes se apaixona.

                       CXXV

Contemplemos em luz as suas praças,
Suas ruas e largas avenidas,
Novos bairros surgindo em tantas graças,
Abrigando, a sorrir, muito mais vidas.
Nas comemorações erguem as taças
E as esperanças tinem coloridas,
As amizades neste santuário
Emolduram o lírico cenário.

                       CXXVI

Talvez o canto já me seja vício
Mas a vontade de cantar é tanta
Que não é sofrimento ou sacrifício
Fazer das minhas rimas rica manta.
Exaltar-te, oh, cidade, é doce ofício,
Porque tanto esplendor é que me encanta!
Embora soe o Verso sempre pobre,
Para cantar tua beleza nobre! 
             
                       CXXVII

Por isso canto, canto, e não me canso,
As rimas saem livres, lavradias,
Com elas dentro d’alma me embalanço
Nem percebo o correr amplo dos dias.
Cada estrofe que teço mais avanço
E a louvo em minhas loucas fantasias.
Essa Noiva de mim tudo merece
E apenas dou-lhe versos como prece.

                       CXXVIII

O verso é minha voz, nada mais tenho,
Ele é minha riqueza, é o que te oferto.
E com versos nas mãos, humilde venho,
Co’o corpo nu, porém, de amor coberto.
Se me falta a Arte e todo o seu Engenho,
Meu coração te entrego a céu aberto;
Toma-o Noiva, ele é Teu neste momento,
E com meus versos lança-o para o vento!

                       CXXIX

Que surjam outros cantos, outras liras,
E que surjam também novos poemas,
As rimas ardam como azúleas piras
Engastadas em líricos diademas,
Para enfeitar a Musa dos Caipiras
De belezas sublimes e supremas.
Pois vou cantar de forma soberana,
A grande glória piracicabana!

                       CXXX

De nada vale o apelo do poeta
Pois o materialismo de hoje impera.
Despercebida passa a borboleta
Anunciando a estação da Primavera.
Mesmo a Poesia torna-se obsoleta
E transforma a Ilusão numa quimera.
Este Canto à Esperança, não me iludo,
Há de viver calado, triste, mudo.
  
                       CXXXI

Mas a vontade de escrevê-lo é tanta
Que não me furto se me chama, a Musa.
Ela com doces rimas me acalanta,
E faz que mais estrofes eu produza.
Se no silêncio minha prece canta
Necessário se faz que a ela eu me induza
E os versos surjam livres, aos milhares,
Produzidos por mágicos teares.

                       CXXXII

Se a paixão de escrever torna-se forte
Largo o prazer e ponho-me ao trabalho.
– Poeta é bafejado pela sorte,
Ungido com gotículas de orvalho.
Para o poema não existe a morte
Pois ele à Vida serve de agasalho.
Por isso, versos com ternuras teço
E co’a manta de Rimas eu me aqueço.

                       CXXXIII

Assim planto meu Hino de Esperança
Para desabrochar feito ternura.
Poeta – trago sonhos de criança,
E sonho a vida da criança pura.
Se um só verso ficar como lembrança
O sonho não terá abreviatura.
Por isso, Musa, quanto mais me induzes,
Mais pela estrada vou plantando luzes.

                       CXXXIV

Este é meu canto de cumplicidade
Pois quem ama jamais cita o defeito.
Se me falta a cantar honestidade,
Creio no verso justo e mais perfeito.
Se mais bonita houver outra cidade,
Se mais acolhedor for o seu leito,
Não serei um Poeta despeitado
Porém, continuarei apaixonado.
  
                       CXXXV

Nosso Rio tão belo e exuberante
Cativa corações e olhares ternos.
Noiva ideal que sonha o amado amante
E dias de alegrias sempiternos.
Como posso de ti viver distante
Sem viver sofrimentos tão eternos?
Junto de ti suspiro, canto e clamo,
Noiva linda que em êxtase tanto amo!

                       CXXXVI

A água que jorra pelo Salto altivo
– Doce canção que o espírito me enleva! –
Faz-me ficar de ti sempre cativo,
Faz rebrilhar o sol dentro da treva.
Por ti, Piracicaba, em sonhos vivo,
E meu olhar os teus encantos leva.
Olhando-te feliz da Ponte Pênsil,
De meu amor te falo no silêncio!

                       CXXXVII

Canto Piracicaba, em transe a exalto,
Pois sinto tanto amor dentro do peito,
Que versos mil soletro para o alto,
No mais sentido e comovido preito.
Meu canto se mistura à voz do Salto
E canto com razão de todo o jeito.
Esta Cidade é mais que minha Musa,
Deusa e Rainha a voz no canto acusa.

                       CXXXVIII

Canto Piracicaba e sua glória,
Sua terra, que é fértil agasalho.
E canto os seus três séculos de história
Feita com muito amor, muito trabalho.
Os fatos trago vivos na memória
E a contá-los sequer procuro atalho.
Tantos nomes estão na minha mente,
Tudo brilha em fulgor na minha frente.
              
                       CXXXIX

Santa Bárbara d’Oeste, Americana,
Rio Claro, Campinas e Limeira,
Respeitam nossa Capital da Cana,
Como orgulho da Pátria brasileira.
Aqui vibra a Cultura soberana
Para o Brasil noss’arte é pioneira.
Tudo brilha em fulgor e conteúdo,
Muitos livros estão narrando tudo.

                       CXL

Assim, Poeta, solto a minha Lira,
Para louvar de vez esta cidade.
E se tanto cantar a alma se inspira,
O canto se transforma em suavidade.
Essa chama de amor é ardente pira,
Torna-se eterna nessa realidade.
Piracicaba em doce enlevo canto
“Cheia de flores” e “cheia de encanto!”

                       CXLI

É Musa no meu peito de Poeta,
Minha Musa de amor idolatrada.
Se não trago a maneira mais correta,
É que tenho a minh’alma apaixonada.
No canto minha voz se faz concreta,
Se, uso somente versos na empreitada,
É que somente em versos eu traduzo
Tanta beleza que no peito induzo.

                       CXLII

Tanto amor extrapolo aos largos ventos
Que levam minha voz para o Infinito.
Defendo-A sempre em todos os momentos
E se preciso a voz uso no grito.
No coração são tantos sentimentos
Que ele vive pulsando nesse agito.
É meu lar, minha casa, minha glória,
De cantar tantos fatos numa história.
  
                       CXLIII

Se retenho no peito tantos fatos,
E agora os conto nesse doce enlevo,
Não preciso ir às minas de artefatos
E a usar de fantasias não me atrevo.
Sei que devo cantar todos os atos
E, cada um deles ao mais alto elevo,
Colocando-os de forma alvissareira,
Na memória da pátria brasileira.

                       CXLIV

Qual terra no Brasil tem mais beleza
Do que esta terra que adoramos tanto?
Privilegiada pela natureza
Tamanha Inspiração transformo em canto.
No centro um Rio em plena correnteza
Aos olhos se traduz em doce encanto.
Visão de maravilha e sobressalto
É a volúpia das águas junto ao Salto.

                       CXLV

Este Rio traduz a história bela
Junto de seus primeiros habitantes.
Por isso brilha como enorme estrela
Nos brasileiros céus largos, distantes.
E sei-me tanto apaixonado dela
Que a exalto em minhas rimas mais constantes.
É de fato esta Noiva da Colina,
A cidade que fulge e que ilumina!

                       CXLVI

Dom Fernando Mason bênção te peço,
A toda a história piracicabana.
De coração aberto te ofereço
Garapa feita de uma doce cana.
Se de Cristo uma benção não tem preço,
Pois Sua luz de amor no céu se emana,
Junto à Madre Maria Teodora
A minh’alma contrita em preces ora.

                       CXLVII

Oh! Berço de meus Pais! Terra bendita
Que aos meus Avós foi luz, foi agasalho!
Dentre todas se fez mais favorita
E soube dar valor à Pena e ao Malho!
Por isso é que de forma áurea e infinita,
Trocamos tal amor pelo trabalho,
E foi com essa crença imorredoura,
Que os Pezzato iniciaram na lavoura!

                       CXLVIII
             
Domingos e Maria e os cinco filhos:
Pedro, Felício, João, mais Josephina
E Philomena ao virem tantos brilhos
Jorrando nesta Noiva da Colina,
Nos velhos carroções vindo nos trilhos
Encontraram a paz beneditina.
Nos bairros Monte Branco e no Serrote
Firmes vinham na junta a largo trote.

                       CXLIX

Hoje em recordação a esse passado
Se conhece o local por “Pezzatinho”.
Tanto labor deixou iluminado
Este recanto cheio de carinho.
O chão que foi outrora fecundado
Para os Pezzato foi um níveo ninho,
E grande parte desses descendentes,
Do solo brasileiro vivem crentes!

                       CL

Foram, porém, Felício e Fortunata,
Que tiveram aqui seus sete filhos.
E embalados em doce serenata
Desses caipiras céus viram os brilhos.
Lásaro foi o sétimo da nata
Com Maria Virgínia fez seus trilhos
Tendo quatro rebentos nesta reta
Quando o terceiro deu de ser Poeta!
          
                       CLI

Também os Guidolin e os Calçavara,
Rizzi, Vacchi, Masson, e Pizzigatti,
Todos unidos na vontade rara,
De vencer com denodo, esse combate.
Essa é a raiz pujante, nobre, clara,
Genealogia que jamais se abate.
Hoje, dispersos, somos já milhares,
Respirando esses climas, esses ares!

                       CLII

Portanto vou cantar de forma intensa
Essas fantásticas Alegorias.
Se, preciso urdirei da força a crença,
Para exaltar a glória de teus dias.
O amor, na sua raça mais imensa,
Usarei para tantas fantasias.
Para a denúncia ou para a infausta glória,
Tudo farei para contar a História.

                       CLIII

Se pelas bocas for apedrejado
Por te cantar de forma negra e crua,
E se ficar meu canto desprezado
E escuro quando ao céu vai nova a Lua,
Jamais me sentirei um derrotado
Co’a torpe insanidade que insinua.
Porque o Poeta dever ser honesto
Sempre quando soltar seu manifesto.

                       CLIV

Assim vou começar, minha querida,
A escrever o poema que me pedes
Tentarei uma rima colorida
Como as cores de Adâmoli e Archimedes.
A Exortação é parte já cumprida
E se tu, Musa, inspiração concedes
A outros Poetas, vou pedir-te agora,
Uma rima de luz à minha aurora!
                       
                       CLV

Vejo histórias de vultos valorosos
Que viveram aqui nesta cidade.
Porém, vendo recantos tão formosos,
Minh’Alma canta em terna alacridade!...
Também, nesses três séculos lustrosos,
Existe um canto pleno de verdade,
E eu vou tentar, oh, meu amor, falar-te,
Pois desta história nós fazemos parte!

                       CLVI

Nós que dos Imigrantes somos frutos,
Devemos Deus louvar em ternos hinos.
Homens fortes, honestos, resolutos,
Neste solo plantaram seus destinos.
Nossas ofertas servem de tributos
Aos senhores, aos jovens, aos meninos,
Que ganhando da Terra um agasalho,
Retribuíram co’a força do trabalho!
                      
                       CLVII

Quando a Itália e o Brasil deram-se os braços
Nosso futuro foi aqui plantado!
Na mistura das raças em abraços,
Nasceu um povo mais apaixonado.
Já que estamos unidos em tais laços
E nosso Amor por Deus é iluminado,
Se, vidas salvas com o teu trabalho,
Co’as Musas, mais feliz eu me agasalho!

                        CLVIII

Tu que ouves meu poema com carinho
E atenta ficas sempre achando-o lindo,
A ti, Ana Maria, teço o ninho,
Para teu coração ficar sorrindo.
A vida se abre em lúcido caminho
E para nós se torna belo e infindo.
De mãos dadas, querida, e com firmeza,
Seremos nós felizes, com certeza.
              
                       CLIX

E nossos corações de amor tão cheio,
Hão de felizes ser no dia-a-dia.
Piracicaba é nosso etéreo anseio,
Nosso mundo de bela fantasia.
Se teu amor eterno eu encontrei-o,
Nele vivo feliz, junto à Poesia,
Oh, meu amor sublime, doce, puro,
Lancemos nossos olhos ao futuro!

                       CLX

Se tal amor eu louvo neste canto,
Também as nossas almas afinadas
Tecem declarações num acalanto
E cantam juntas pelas madrugadas
Linda canção que à vida traz encanto.
E plenas deste amor, apaixonadas,
Havemos de viver na Eternidade,
O nosso amor de terna alacridade.

                       CLXI

Oh, minha Mãe! Oh, minha Mãe querida,
Teu Filho, este Poeta, ainda pensa,
Que a Poesia é uma estrada colorida,
Onde os pássaros trinam sua crença.
Esta jornada, límpida e florida,
Vive margeada pela indiferença,
A Poesia esquecida anda à deriva,
E somente nos sonhos segue viva.

                       CLXII

Por isso, minha Mãe, sempre a Senhora,
Entretem-se co’os versos que fabrico.
A fábrica de sonhos é uma aurora
E eu – com raios de sol a multiplico.
Se este Poema muitas vezes chora,
Com ele, minha Mãe, torno mais rico;
Pois se, com tantas rimas me abasteço,
Com versos d’ouro o meu tesouro teço.
               
                       CLXII

Foste Tu que na doce Primavera
A este Poeta deste a luz do Sonho.
E se a Senhora mais de mim espera,
Com versos crio um mundo mais risonho.
A Musa, minha Mãe, vive na Esfera,
Onde a Esperança vibra e as glórias ponho,
E se Piracicaba é meu Poema,
Que os versos sejam perlas de um diadema!

                       CLXIV

Também, meus Filhos, para vós dedico,
O poema onde louvo a nossa Terra.
Se um outro solo pode ser mais rico,
Sou bairrista e jamais a minh’alma erra.
Se mil recantos – hoje glorifico,
Eu não pretendo provocar mais guerra;
Pois meu Torrão Natal tem tantos brilhos,
Que irão por certo, iluminar meus Filhos!

                       CLXV

Quando meu nome for uma saudade
Em vossos corações aveludados,
Estas Rimas guardai – com majestade,
Porque foram escritas com cuidados;
E eu adorando tanto esta cidade,
Jamais quero ir buscar outros condados.
Junto a meu Pai quero ir ficar um dia,
Quando acabar, da Vida, a Fantasia!

                       CLXVI

Estes versos guardai dentro do peito,
Para aos netos mostrar dos vossos netos,
Que eles, esta cidade com respeito,
Amem, tendo por ela seus projetos.
Se em tão lindos recantos me deleito
E n’alma tenho sonhos irrequietos,
É que carrego um hino como um canto:
Que a cantá-lo revolvo-me em encanto.
                    
                       CLXVII

Esta alegria multicolorida
Explode no meu peito de poeta
E passo mais a acreditar na vida.
O Caipira seus sonhos interpreta
Numa ilusão azul de alma florida.
Esta esperança lírica e concreta
Ilumina tais sonhos e ilumina
O coração da Noiva da Colina!

                       CLXVIII

Oh! Noiva sempre amada e defendida,
Embora haja tropeços na jornada,
Hás de seguir iluminando a vida
E os passos mais febris na caminhada.
Tua glória por deuses concebida
Jamais há de trazer-te a derrocada.
Sempre sublime, olímpica, altaneira,
Pois és pilar na Pátria brasileira.

                       CLXIX

São três séculos vivos e pulsantes
Como enredos da glória brasileira.
São espetáculos alucinantes
Que engrandecem de vez nossa Bandeira.
São histórias fantásticas, brilhantes,
Desta Terra chamada canavieira,
Piracicaba vibra, em luzes brilha,
Na apoteose de imensa maravilha.

                       CLXX

É tamanha a beleza desse canto
Que Newton Mello nos criou um dia,
A alma se embala num suave encanto
Aos acordes de terna melodia.
Se na canção esse prazer é tanto,
Sinto que o canto à vida me extasia!
E no silêncio vibro apaixonado
De corpo e alma me quedo ajoelhado!
                       
                       CLXXI

Se minha Lira neste canto vibra
A Exortação parece-me infinita.
Pois o Caipira com talento e fibra
Em largos cantos pelo espaço grita.
A verdade nas luzes se equilibra
No peito o coração, feliz, se excita.
Piracicaba tanto mais merece
De joelhos ser cantada em doce prece.

                       CLXXII

E para a exortação tornar completa,
Seria necessário que dissesse
Com a rima dourada de um poeta
E co’a alma de joelhos, numa prece,
Que esta cidade toda está repleta
Dos ideais da mais sublime messe,
Mas faltando talento para tanto,
Diz-me a razão para calar o canto!

       

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