Descobri Mário Neme nas minhas buscas constantes sobre a História
de nossa Piracicaba. E, nessa busca entre os escritores nativos fui topar com
Mário Neme. Que descoberta! Havia lido Leandro Guerrini, tinha lido os livros
de Waldemar Iglésias Fernandes, Hugo Pedro Carradore, Guilherme Vitti e, em
Mário Neme fui topar com o passado de nossa História narrada através de mil
documentos por ele pesquisados.
Foi assim que li e reli, de sua autoria, “A História da Fundação
de Piracicaba”, edição de 1943, editoria de João Mendes.
É um livro raro hoje em dia. Possuo um exemplar que ganhei há
cerca de vinte anos... Ali, Mário Neme, através de capítulos e capítulos, narra
as primeiras histórias de nossa cidade.
Em Mário Neme por exemplo, podemos ler que desde 1693 essa Terra
por nós amada e idolatrada, já era pisada e disputada.
Podemos imaginar que aqui chegaram uns loucos e doidos visionários
no distante ano de 1693, portanto há quase 320 distantes pretéritos?
Que aqui chegou um tal de Luiz Pedroso Barros, com o intuito de
construir uma estrada que ligasse Piracicaba a Mato Grosso? E depois
outro, doidinho da silva, Felipe Cardoso com o mesmo desejo? Podemos imaginar
apenas imaginar... Uma estrada que ligasse Piracicaba a Cuiabá. Isso porque em
1717, cinquenta anos antes de Piracicaba ser fundada, foram descobertas minas
de ouro e dizem os pesquisadores e historiadores, que havia tanto, tanto ouro,
que se arrancasse uma touceira de capim, as raízes vinham apinhadas de
ouro!!!...
Mário Neme conta essa saga toda. E conta, depois, a chegada
de nosso Capitão Povoador, em 1767, para fundar nossa cidade em agosto desse
ano... traz a nossos olhos uma história rica em detalhes. Vemos através de suas
palavras concisas e preciosas, o Capitão Povoador Antonio Correa Barbosa
andando na localidade onde hoje está localizado o Engenho Central, local mais
ou menos exato onde está o Marco Zero de nossa fundação.
Depois, vemos a mudança da margem esquerda para a margem direita
de nosso Rio, que alavancou o progresso de nossa cidade.
Mário Neme traz a figura do grande Vicente da Costa Taques Goes
Aranha que, amante de nossa pequena, mas acolhedora Vila, se faz presente nessa
mudança. Vicente merece considerações mil de nosso Povo, pois sem ele hoje
Piracicaba talvez não existisse.
Toda essa história aconteceu aqui, na beira de nosso Rio
Piracicaba, a trezentos metros de minha casa...
Dá para imaginar... a viagem feita através de canoas, pelo
Rio Tietê, que saía de São Paulo, passava por Itu, chegava ao Porto de
Araritaguaba, hoje denominada cidade de Porto Feliz, e descia... até a
confluência dos Rios Tietê e Piracicaba, onde subiam, com os braços
fortes de
remadores,
esses oitenta quilômetros, para alcançar nossa pequena Vila.
Se por terra, outra aventura desmedida... o caminho saindo de Itu,
passando por Salto, Porto Feliz, altos de Samambaia, Capivari, Mombuca, Rio das
Pedras, chegando até nossa cidade onde hoje está a Avenida Rio das Pedras, o
Bairro Rolador... subiam a avenida Piracicamirim e desciam o Picadão, hoje
denominada Rua Moraes Barros.
É isso mesmo, a Rua Moraes Barros existe há 300 anos. É a rua mais
antiga de nossa Piracicaba.
Em retratos coloridos de imaginação, Mário Neme traz essas
histórias que lemos e relemos... imaginando, sonhando e delirando... Vale muito
buscar esse livro e ler. Descobrir uma Piracicaba oculta, quase esquecida.
Sorte que tivemos Mário Neme que gravou em letras de ouro, a saga de homens que
fizeram essa História acontecer.
Obrigado, Mestre Mário Neme... com
certeza um dos grandes Historiadores de nossa Piracicaba que adoramos tanto.
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