Em Casa
Em minha casa, após o entardecer,
Molemente deitado numa rede,
E fico olhando os quadros na parede
Numa visão repleta de prazer...
Minha Mãe molha as plantas no quintal
E as rolas e os pardais comem quirela,
Formando uma paisagem de aquarela
Nesta hora sonolenta, vesperal!...
Minha Mãe e eu jogamos papo fora,
Falamos do passado e do presente;
Tarde abafada, tropical e quente,
Sempre atrasada, a noite mais demora...
Os beijinhos e os verdes tinhorões,
Rejuvenescem com os jatos d’água...
Espantam do calor a dura mágoa
Soltando flores lindas, aos montões...
As rúculas e as couves, com vigor,
Aprumam nos canteiros suas hastes,
E os brotos que cortei para desbastes,
No chão de terra vão perdendo a cor.
Vou ao quintal e faço companhia
À minha Mãe, que molha suas plantas,
No chão os moranguinhos fazem mantas
Verdes-vermelhas, numa sinfonia...
A mangueira, com flores cor carmim,
Atrai abelhas que – pólen a pólen –
As florinhas miúdas beijam, bolem,
Num vôo que parece não ter fim...
Pés de mamão, maracujá e figo
Formam neste quintal um paraíso –
No chão o caramujo deixa um friso
Para mostrar que fez um novo abrigo.
A goiabeira, em profusão, atrai
Saíras e sanhaços dia inteiro...
Que fazem de seus galhos um poleiro
E cantam para a ausência de meu Pai.
Fico, às vezes, compondo algum Soneto,
Enquanto minha Mãe faz guardanapos...
Depois voltamos em sonoros papos,
Arquitetando um mundo de projeto.
Ela me conta histórias magistrais –
Fala como foi dura a sua infância...
E, perdida num mundo de distância,
Fica lembrando histórias de seus pais...
Minha Avó que morreu bonita e jovem,
E as Irmãs que morreram tão crianças...
Divagamos perdidos nas lembranças
E essas histórias tanto nos comovem...
Às vezes, de improviso, chega alguém
E também toma pare na conversa,
Nesta hora então, o assunto sempre versa
Numa informalidade que faz bem...
Depois ficamos outra vez sozinhos
E colocamos o jantar à mesa...
E assim jantando temos a certeza
Que nossa vida é feita de carinhos...
10.05.1991
Em minha casa, após o entardecer,
Molemente deitado numa rede,
E fico olhando os quadros na parede
Numa visão repleta de prazer...
Minha Mãe molha as plantas no quintal
E as rolas e os pardais comem quirela,
Formando uma paisagem de aquarela
Nesta hora sonolenta, vesperal!...
Minha Mãe e eu jogamos papo fora,
Falamos do passado e do presente;
Tarde abafada, tropical e quente,
Sempre atrasada, a noite mais demora...
Os beijinhos e os verdes tinhorões,
Rejuvenescem com os jatos d’água...
Espantam do calor a dura mágoa
Soltando flores lindas, aos montões...
As rúculas e as couves, com vigor,
Aprumam nos canteiros suas hastes,
E os brotos que cortei para desbastes,
No chão de terra vão perdendo a cor.
Vou ao quintal e faço companhia
À minha Mãe, que molha suas plantas,
No chão os moranguinhos fazem mantas
Verdes-vermelhas, numa sinfonia...
A mangueira, com flores cor carmim,
Atrai abelhas que – pólen a pólen –
As florinhas miúdas beijam, bolem,
Num vôo que parece não ter fim...
Pés de mamão, maracujá e figo
Formam neste quintal um paraíso –
No chão o caramujo deixa um friso
Para mostrar que fez um novo abrigo.
A goiabeira, em profusão, atrai
Saíras e sanhaços dia inteiro...
Que fazem de seus galhos um poleiro
E cantam para a ausência de meu Pai.
Fico, às vezes, compondo algum Soneto,
Enquanto minha Mãe faz guardanapos...
Depois voltamos em sonoros papos,
Arquitetando um mundo de projeto.
Ela me conta histórias magistrais –
Fala como foi dura a sua infância...
E, perdida num mundo de distância,
Fica lembrando histórias de seus pais...
Minha Avó que morreu bonita e jovem,
E as Irmãs que morreram tão crianças...
Divagamos perdidos nas lembranças
E essas histórias tanto nos comovem...
Às vezes, de improviso, chega alguém
E também toma pare na conversa,
Nesta hora então, o assunto sempre versa
Numa informalidade que faz bem...
Depois ficamos outra vez sozinhos
E colocamos o jantar à mesa...
E assim jantando temos a certeza
Que nossa vida é feita de carinhos...
10.05.1991
Esio Antonio Pezzato
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