Liturgia do Tempo
À alegoria rápida do tempo,
Contemplo, pensativo, o meu relógio,
Que avança rotineiro seus segundos
Numa cadência igual que se repete
Minuto após minuto após minuto.
Pronto. Outra vez completa o ciclo. Pronto.
E monótono passo contemplando
Sua agonia que se faz intérmina.
O calendário se divide em meses,
Mas para que risquemos um só dia,
Mil quatrocentas e quarenta vezes
Os segundos rodaram em seu eixo.
Ao espelho o meu rosto se reflete,
E uma dúvida paira em meus sentidos:
– Eu me vejo no espelho refletido
Ou a imagem no inverso é que me fita
E faz que em vice-versa nos vejamos?
Coloquemos atrás de nosso corpo
Um outro espelho para refletir-se,
E então veremos multifacetadas
A sucessão intérmina de nós
Em busca de infinitos pelo tempo.
Sou sempre o mesmo e sempre igual em tudo,
E ao avanço dos rápidos segundos
Não percebo que estou a envelhecer-me.
– Para o envelhecimento são inúteis
Espelhos, calendários e relógios.
O precoce das folhas e das flores
Dão-me a noção exata da vertigem
Frente à imortalidade que supomos
No frigir do que eterno nós pensamos.
Alucina pensar neste momento
Que os versos serão vivos no porvir
E serei tão-somente assinatura
A encabeçar o cimo dos poemas
Quando o futuro se fizer presente
E eu estiver morando no passado.
O que passa mais rápido na vida:
Uma flor que fenece em poucas horas,
As mariposas revoando lâmpadas,
A água dos longos rios tortuosos,
O fluxo das marés e seus refluxos,
O sol que nasce à Leste e morre à Oeste
E faz que de maneira muito estranha
O hoje seja amanhã lá no Oriente.
A longa liturgia dos segundos,
A obra que fica enquanto o artista passa;
– O que é mais importante e valioso:
A obra feita ou o artista que a compôs?
– Talvez o artista seja necessário,
Mas o fundamental é ter-se a obra.
Voltando à teoria relativa
O que passa mais rápido na vida?
– Um livro lido permanece vivo
E seus leitores passarão, um dia...
É tudo vã loucura, devaneios,
A mente em febre, em elocubrações,
Pondera, inquire, pensa, exsurge em medos,
E continuo a ser só um Poeta
Retendo decassílabas memórias
Nas histórias de todos os sonetos.
Vou à rua e contemplo, pensativo,
As nuances das horas vespertinas.
As fábricas apitam fim de turno.
Os carros passam apressadamente.
As crianças felizes vêm das aulas.
Todo o céu se colore com as pipas...
Os homens voltam sujos, cansativos,
Após árdua jornada de trabalho,
Esperando encontrar após o banho:
O jantar pronto sobre a mesa posta,
Televisão ligada na novela
E um gozo cotidiano sem prazer.
A noite chega iluminada em luzes...
Eu, Poeta, resumo tudo em versos
Na cadência de métricas sem rimas,
Despreocupado com a Eternidade
Que ao certo nem meu nome irá poupar.
15.08.1997
À alegoria rápida do tempo,
Contemplo, pensativo, o meu relógio,
Que avança rotineiro seus segundos
Numa cadência igual que se repete
Minuto após minuto após minuto.
Pronto. Outra vez completa o ciclo. Pronto.
E monótono passo contemplando
Sua agonia que se faz intérmina.
O calendário se divide em meses,
Mas para que risquemos um só dia,
Mil quatrocentas e quarenta vezes
Os segundos rodaram em seu eixo.
Ao espelho o meu rosto se reflete,
E uma dúvida paira em meus sentidos:
– Eu me vejo no espelho refletido
Ou a imagem no inverso é que me fita
E faz que em vice-versa nos vejamos?
Coloquemos atrás de nosso corpo
Um outro espelho para refletir-se,
E então veremos multifacetadas
A sucessão intérmina de nós
Em busca de infinitos pelo tempo.
Sou sempre o mesmo e sempre igual em tudo,
E ao avanço dos rápidos segundos
Não percebo que estou a envelhecer-me.
– Para o envelhecimento são inúteis
Espelhos, calendários e relógios.
O precoce das folhas e das flores
Dão-me a noção exata da vertigem
Frente à imortalidade que supomos
No frigir do que eterno nós pensamos.
Alucina pensar neste momento
Que os versos serão vivos no porvir
E serei tão-somente assinatura
A encabeçar o cimo dos poemas
Quando o futuro se fizer presente
E eu estiver morando no passado.
O que passa mais rápido na vida:
Uma flor que fenece em poucas horas,
As mariposas revoando lâmpadas,
A água dos longos rios tortuosos,
O fluxo das marés e seus refluxos,
O sol que nasce à Leste e morre à Oeste
E faz que de maneira muito estranha
O hoje seja amanhã lá no Oriente.
A longa liturgia dos segundos,
A obra que fica enquanto o artista passa;
– O que é mais importante e valioso:
A obra feita ou o artista que a compôs?
– Talvez o artista seja necessário,
Mas o fundamental é ter-se a obra.
Voltando à teoria relativa
O que passa mais rápido na vida?
– Um livro lido permanece vivo
E seus leitores passarão, um dia...
É tudo vã loucura, devaneios,
A mente em febre, em elocubrações,
Pondera, inquire, pensa, exsurge em medos,
E continuo a ser só um Poeta
Retendo decassílabas memórias
Nas histórias de todos os sonetos.
Vou à rua e contemplo, pensativo,
As nuances das horas vespertinas.
As fábricas apitam fim de turno.
Os carros passam apressadamente.
As crianças felizes vêm das aulas.
Todo o céu se colore com as pipas...
Os homens voltam sujos, cansativos,
Após árdua jornada de trabalho,
Esperando encontrar após o banho:
O jantar pronto sobre a mesa posta,
Televisão ligada na novela
E um gozo cotidiano sem prazer.
A noite chega iluminada em luzes...
Eu, Poeta, resumo tudo em versos
Na cadência de métricas sem rimas,
Despreocupado com a Eternidade
Que ao certo nem meu nome irá poupar.
15.08.1997
Esio Antonio Pezzato
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