Maria Cecília Machado Bonachella |
Nascida em São Simão , criança veio
morar com seus pais e irmãos em nossa cidade. Filha de pais professores,
cultos, inteligentes, Maria Cecília encontrou dentro do próprio lar os caminhos
da Poesia. Compunha desde criança. Nasceu com alma de poetisa sensível ao Belo,
mas também à dor e ao sofrimento, que sempre pontearam sua vida.
Jovem, bem jovem ainda,
começou a publicar seus versos nos jornais de nossa cidade, granjeando um
sem-número de admiradores e fãs. O seu professor de português, Elias de Mello
Ayres ficava encantado com seus versos e fez uma merecida crítica à
menina-poetisa, crítica essa publicada na imprensa e mais tarde como prefácio
de seu livro “Três Fases”, 1978.
Quando jovem, seu
coração não aprendera ou não sabia que devia trabalhar direito, que devia
pulsar cadenciadamente no peito da jovem poetisa e resolveu dar suas primeiras
pitadas de sofrimento em sua alma sensível.
Vai daí que é operada
para colocar uma válvula no coração. Casou-se mais tarde a jovem Maria Cecília
com Nelson, com a condição explícita do médico: nada de ter filhos.
Mas almas de poetisa
e de marido apaixonado deram ouvidos ao médico: necas de pitibiriba, como
dizemos. E vieram três filhos maravilhosos. Coração de poetisa aguentou firme o
tranco.
Isso tudo aconteceu e
nós ainda não nos conhecíamos. Viemos a travar contato no Calq, num dia oito de
dezembro de 1977, quando do lançamento do livro “Enquanto a chama não vem”, do
Arakén Martins.
Foi conversarmos e a
amizade fluiu como água límpida montanha abaixo. E passamos a confidenciar
sonhos de poesia, a fazer versos juntos, a catalisar a juventude. Sonhávamos
publicar num livro nossos versos e, após idas, vindas, voltas, reviravoltas,
ela dá luz ao seu quarto filho, agora em forma de livro: Três Fases e eu
publico Luzes da Aurora. Isso tudo em 1978.
Maria Cecília alma
sonhadora, passou depois de um tempo, a dar aulas para crianças no Clube de
Campo de Piracicaba, e a todos encantava com singeleza, pureza de alma, com
carinho materno mesmo.
Convidada pelo dr.
Losso Netto, passou a coordenar a Página Literatura, no Jornal de Piracicaba,
em 1980. Foram anos gloriosos. Buscávamos juntos, a poesia, mas Maria Cecília,
e sua mãe, professora Lavínia Sardinha Machado, amparadas por um forte
conhecimento linguístico, barravam imitadores e neo-escritores.
Quantas reuniões
juntos. Formamos com outros amigos, a AEP – Associação dos Escritores de
Piracicaba. Tal associação rendeu como fruto “É Tempo de Poesia”, depois “Lavra
Palavra”. Como não deu certo ajudamos a criar o CLIP – Centro Literário de
Piracicaba, onde foi sua presidente em 1995-1997.
Participou e foi
premiada, em inúmeros Concursos
Literários , como o Prêmio Escriba, O Povo Canta em Versos,
aqui de Piracicaba, em
Três Corações , em São Paulo. Participa
como co-autora em dezenas de Antologias. Agora será tema em um livro composto
pela poetisa sua xará Maria Cecília Graner Fessel. De fundamental importância
para a Literatura piracicabana e brasileira, que teima sempre esquecer vultos
importantes de nossa Literatura.
Maria Cecília ainda
publicou “Era uma vez...” versos ácidos, críticos, mordazes. Sabia cantar o
azul, mas seus versos muitas vezes eram roxos e negros mesmo.
Porém o coração de
poetisa não aguentou mais. Deixou a Poesia órfã em fevereiro de 2007. E hoje a
poesia ficou mais triste. Os versos ficaram mais tristes. Piracicaba ficou mais
triste sem a poesia, o canto e o encanto de Maria Cecília Machado Bonachella.
Esio Antonio Pezzato
0 COMENTE AQUI:
Postar um comentário