Foto de Esio em Romaria Pirapora 1981 |
Hoje não vou tecer
comentário sobre personalidades de nossa cidade. Vou dar uma quebrada no ritmo
para falar de uma paixão que me acompanha desde a juventude. É a tradicional
Romaria que faço com outros amigos desde 1968. Espero que gostem.
Pirapora entrou em minha vida na infância.
Idos de 1965, quando eu via jovens de cabelos compridos, e barba por fazer
durante o período da Semana Santa. Não era normal, pois jovens se barbeavam
quase que diariamente e cortavam os cabelos a cada quinze dias. Eu ficava
sabendo o motivo dessa atitude que era pagar promessas indo de Piracicaba a
Pirapora em romaria e a pé. Jovem aventureiro e sonhador eu não esperei muito
para fazer minha primeira caminhada, que no próximo dia 17, quando estiver de
partida, estará se repetindo pela 44a vez, sempre acompanhado pelo Pedrão
Brancalion que convenceu meus pais que tal aventura não continha perigo. E ele
até hoje é meu fiel amigo.
Oito horas em ponto
iniciaremos nossa caminhada. Perto das onze da manhã estaremos em Rio das
Pedras, (12km) treze horas em Mombuca (11km) e dezesseis horas em Capivari, (12km) onde iremos descansar. Na
segunda sairemos de Capivari ainda na manhã, almoçaremos em Samambaia (16km) e
à tardinha chegaremos a Salto (19km) , para um banho, um bom jantar no Bar do
Laércio e dormir.
Na terça-feira
sairemos cedo de Salto e chegaremos ao Camping na hora do almoço (12km) Aí é
nosso descanso pleno mesmo. Como não temos pressa para nada, somente na
quinta-feira iremos sair cedo, chegar a Cabreúva (16km) e à tarde alcançar
Pirapora (24km) perfazendo um total de no máximo 120km bem esticadinhos.
Dizer que não há
cansaço é mentira. Sim, é cansativa tal viagem. Algumas bolhas de água podem
acontecer nos pés, bom levar um protetor solar e chapéu, pois a coisa pega
mesmo.
Mas nada deixa de ter
encanto, alegria, amizade. Descontração pura mesmo. O caminho do Atalho, na
Serra do Japi é uma beleza ímpar. Caminhar à margem do Rio Tietê mesmo poluído,
mata nativa, amigos muitos, bastantes famílias oferecendo almoço a todos os
Romeiros, água, laranja, sanduíche, café, sucos. Isso é impagável. Risadas,
piadas, reflexão, reza, crença, fé.
O cansaço se supera.
Uma noite de sono é fundamental para a caminhada do dia seguinte.
Anos passados as
caminhadas eram mais disputadas e mais jovens ou não tão jovens a faziam. Hoje
a mesma perdeu seus encantos, parece, e a juventude não a faz mais, pois outros
mil atrativos são mais interessantes do que colocar os pés na estrada e
caminhar 120 km .
Mas é um momento de
reflexão. A Semana Santa parece que nos pede isso. Assim temos feito desde
nossa juventude, que já vai um tanto longe...
Lendo essa croniqueta
ficou com vontade de fazer nossa loucura, se juntar à nossa turma na caminhada
Piracicaba-Pirapora a pé? Gostaria de se aventurar por estradas de terra, beber
água de poço, fresquinha, descansar sobre uma sombra deliciosa, caminhar mesmo
sob um sol escaldante, numa estradinha vicinal ladeada por canaviais, plantação
de tomates, chão de areia ou barro, ah, isso é mesmo uma deliciosa aventura.
Muitos eu bem sei,
que têm vontade, mas não tem companhia, não sabem o que levar... Mas o convite
aqui vai: telefone envie um e-mail ainda hoje vamos marcar de andar juntos.
Esqueça os afazeres
monótonos do dia a dia, a mesmice frugal. Venha descobrir as delícias de
amizades simples, de noites tagarelas, de andar entre floresta, de se deliciar
com um banho no rio. Vamos juntos. Dia 17 junte-se e venha partilhar um pouco
de sua vida com nossa vida. Faremos o mesmo. E vamos rir muito. Não importa a
idade, se é homem ou mulher. Vamos juntos.
Esio Antonio Pezzato
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