Após postar aqui o poema "O Desespero de Judas", coloco, em seguida,este poema intitulado "A Ressurreição", em homenagem à Páscoa e à ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.Espero que gostem de mais este trabalho.Esiopoeta
Ardia a madrugada aos clarões dos
archotes.
Numa árvore pendia o corpo de
Iscariotes
Após ter-se enforcado em desespero
imenso.
Nos faustosos salões respirava-se o
incenso
E Pilatos sorria entre tantos
convivas.
Fora havia o escarcéu das pessoas
cativas
Mas ninguém importava a mínima com
isso...
Roma a todos mostrava o firme
compromisso
De conter multidões com seus punhos de
ferro,
E Pilatos jamais incorreria em erro
De provocar a fúria em César ou em
Roma.
Satisfeito, de Cós enche uma taça e
toma
Com todos os demais enquanto pelas
salas
É forte o vozerio em diferentes falas.
O desordeiro agora era um fato
passado,
Crucificado e morto estava já
enterrado.
Não haveria mais de lhe causar
engodos.
Desta forma mostrara energia com todos
Que tentassem ferir tanto as leis e os
costumes.
O palácio fulgia em vigorosos lumes.
Dois soldados, porém, ficaram de
pernoite
Com profundo desdém, durante toda a
noite
À frente de um sepulcro onde um morto
jazia.
– Coisa doida cuidar de quem já não
podia
Falar ou se mover, mas a ordem de
Pilatos
Devia ser cumprida em todos os seus
atos!
Muitos, dentro do lar estavam
recolhidos
Comentando entre si dos fatos
ocorridos.
Do Rabino, porém, seus Onze
seguidores,
Em delírios de fé falavam dos horrores
Terríveis e cruéis que o Mestre
recebera.
Um suave fragor de fresca primavera
Perfumava o ambiente e aturdidos
ainda,
Comentavam que toda a Esperança era
finda.
Maria, Sua Mãe, soluçava baixinho
E em dores recordava um extremo
carinho
Com o qual se despediu de Seu amado
Filho.
Gordo luar filtrava as ramas entre
brilho.
Parecia vibrar um silêncio por tudo.
A noite escancarava o dossel de veludo
E bordava no céu fachos de mil
estrelas.
Contudo o Mestre já não podia mais
vê-las.
Maria Madalena em silêncio murmura
Frases em oração em laivos de loucura;
Súbito de levanta e diz num sonho
pulcro
Que vai se dirigir até o pétreo
sepulcro
Para balsamizar o corpo de óleo santo.
Alguns tentam contê-la e com gestos de
espanto
Eis que sai pela noite a alucinados
passos,
Para ainda uma vez mais, ter Jesus em
seus braços.
Pela noite caminha alucinadamente
Com seus passos febris e gestos de
demente.
Com lentos passos chega e – olhar
alucinado! –
Percebe que o sepulcro aberto foi
violado.
Olha com mais vagar... Os soldados
vigias,
Não mais faziam ronda... Entre as
ramagens frias
Ouve-se o murmurar por entre as
oliveiras
De palavras febris e vozes
estrangeiras.
De repente uma luz de irradiação
imensa
Preenche todo o local e uma voz feito
crença
Calmamente pergunta à triste Madalena:
– “O que buscas aqui, mulher?” De
amores plena
Para o vento ela diz num murmúrio de
prece
Como quem, no delírio, o desespero
tece:
– “Vim buscar o meu Mestre e curar-Lhe
as feridas!”
Neste momento o céu, com cores incendidas
Fulge em denso farol e com timbre
sereno
Ouve um anjo dizer do Mestre Nazareno:
– “Das trevas ressurgiu alcançando a
vitória
E a morte Ele venceu!...”
Nesse
instante de glória
Maria Madalena em seu amor cativo
Ouve a voz de Jesus ressuscitado e
vivo!
15.05.2008
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