Nesses tempos de magreza, quando as mulheres querem
ser cada vez mais magras, aqui faço uma homenagem
às mulheres cheinhas. Espero que gostem e curtam esse
poema-homenagem
Com passos
calmos, tranquilos,
Carrega
quase cem quilos
E o mundo é
que se incomoda:
“Precisa
fazer regime
Pois ser
gorda assim é um crime
E o ser
magra é estar na moda!”
E o mundo
todo acompanha
Aquele
monte de banha
Chacoalhando-se
nos passos.
E boa
risada arranca,
Quando um
monte de pelanca
Sacode por
sob os braços.
Entra o
supermercado:
Bombom,
leite condensado,
Tabletes de
chocolate,
Macarrão,
pizza, lasanha,
Com o
capelleti se assanha
E a língua
nos lábios bate...
As vontades
são atrozes:
É pavê,
torta de nozes,
Rocambole,
doce, torta...
Olha o
mundo com desprezo,
Esquece o
“Amigo do Peso”
Mal
transpõe os pés na porta...
E no sofá
se estatela,
Fica
assistindo à novela
E em
transes quase desmaia
Quando
aparece sorrindo
O Celulari
tão lindo,
Casado com
a Cláudia Raya.
“Se eu
quisesse poderia
Ser magra
assim, algum dia,
E ser atriz
das mais belas...
Porém,
agora, imagine,
Ela dentro
de um biquíni
Mostrando suas
costelas.
Veja só a
Carolina
Com a
cinturinha fina
E as pernas
– duas varetas.
Parece
bambu ao vento
Quando faz
um movimento
E ri
fazendo caretas!
Embora
pareçam belas,
São
fininhas, magricelas,
Tetinhas
murchas e moles...
Penso em
minha fantasia:
Como é que
fará um dia
Quando
vierem as proles?
Terão leite
suficiente
Para
amamentar descente
Os filhos
mortos de fome?
Ou terão,
ao seu deleite,
Alguma
ama-de-leite
Que sem
saberão o nome?
Toquem as
suas sirenes
À grande
Cláudia Jimenez,
Com sua
gordura tanta.
Pois quando
chega a novela
Ela encanta
nossa tela
E tudo nela
se encanta.
Agora afie
a resposta:
– Um homem
realmente gosta
De
carne-seca esticada?
Perninha
fina, miúda,
Tetinha Deus-nos-acuda,
E mais
nada, nada, nada?...
Ou preferem
com certeza,
Uma lauta e
farta mesa
Boa carne
de primeira?
File mignon
bem molinho,
Um seio
grande e quentinho
Cheirando à
saboneteira?
Ser gorda é
ser elegante,
Andar com
renda bufante,
Vestidos
largos, compridos,
Alegres,
bem estampados,
Ou com
motivos variados:
Coloridos e
floridos!
Bolo fofo
ou elefanta!
Carreta,
trator, jamanta!
Somos
chamadas na rua.
Mas a ser
magra prefiro
Viver
comendo suspiro
Ser redonda
como a lua.
Prefiro ter
qualquer nome
A viver
passando fome
Sempre a
base de regime.
Ser gorda é
belo e é bonito,
E creiam,
não acredito,
Que ser
gorda seja crime.
04.10.1998
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