Ileso
De repente os
fantasmas do passado
Reaparecem de
jeito provocante
E recortam de
forma anavalhante,
O corte que já
foi cicatrizado.
Para que de
maneira ultra-abundante
Novamente
precise ser tratado.
E doa e doa e
doa e nesse estado
O pensamento
deixe alucinante.
Assim com mil
fantasmas sobrevivo
E deles cada
vez me sei cativo
E deles cada
vez me sinto preso.
Mas por certo
acharei a liberdade,
Estancarei o
sangue da maldade
Do sofrimento
viverei ileso.
13.03.1997
Contra a cegueira
Quero amar o
sorriso da manhã
Que chega com
seus lindos tons doirados,
E tendo a sina
dos alucinados,
Mastigar
verdes folhas de hortelã.
Subir os
montes com denodo e afã
E alcançar
morros nunca antes sonhados,
No desespero
dos apaixonados,
Pensar que a
vida é louca e a alma é sã.
Não crer em
nada acreditando em tudo,
Romper
barreiras e quebrar o som
Num riso louco
e num desejo mudo.
E ao ver o sol
brilhante de néon,
Contra a
cegueira usar um plúmbeo escudo,
E acreditar
que o dia vai ser bom.
01.04.1997
Ecológico
Árvores são
plantadas nas calçadas
Para que no
futuro deitem sombra.
Porém, em
poucos anos elas crescem,
E vão de
encontro à fiação elétrica.
E começam daí
a ser podadas
E ficam tendo
uma feição que assombra.
Pois mutiladas
elas se parecem
A uma visão
aterradora e tétrica.
Longos braços
desnudos, secos, frios,
Esturricados
pelo sol ardente
E provocando a
fúria em sonhadores.
E após
machados de aço luzidios,
Ferem o tronco
inopinadamente,
Nos mais
profanos e cruéis horrores.
13.05.1997
Festa
A realidade
que minha alma busca
Em ânsias, me
parece tão distante,
Que se
transforma em dor anavalhante
E como brasas,
meu viver chamusca.
Por isso a
minha voz se torna brusca
E fere de
maneira penetrante
O coração que
insiste em ser amante,
... E meu
semblante, pálido, se ofusca...
Quero a festa
maior que ainda não tive!
Buscar minha
alegria que se oculta,
A minha
realidade não tocada...
Mas em todos
os sonhos que detive
Se mudaram em
podre catapulta,
Dilaceraram-me
a alma apaixonada.
15.05.1997
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