Teu corpo
Teu corpo, na
beleza que entorpece,
Alucina o
Poeta que em ti pensa,
E entre
desejos faz a sua prece
E entre
solfejos faz a sua crença.
Teu corpo, na
pureza que endoidece,
Desejo na
ternura mais imensa,
Glorificá-lo
em êxtase na messe
E após a luta
– tê-lo em recompensa!
Teu corpo, na
loucura do desejo
Quero marcá-lo
a fogo em cada beijo
E possuí-lo na
glória do Prazer.
E no delírio
tão vertiginoso,
Delirar e
explodir na hora do gozo,
Sem ter medos,
nem traumas de morrer!
22.12.1997
Saudade
A saudade que
às vezes nós sentimos
É a vontade de
ter o que não temos.
É o que está
do distante dos extremos
É o que
deixamos quando nós partimos.
É um barco
abandonado sem os remos
Os braços sem
adeuses nos arrimos
A chegada do
pranto enquanto rimos
Sonhos de
reviver o que vivemos.
É o além da
longa curva que se esconde
Em sombras,
bosques, prados e campinas
Que a gente
lembra, mas não recorda onde...
1º
final
É a espera do
amanhã que é sem espera,
São tardes
tristes, cheias de neblinas,
É o inverno
precedendo a primavera.
2º
final
E a espera do
amanhã que vive em fugas,
São tardes
tristes, cheias de neblinas,
A pôr em nosso
rosto angústia e rugas.
03.12.1997
Matinal
O sol invade
as frestas da janela
E me saúda com
seu novo dia.
Desperto, olho
a manhã radiosa e bela
E ouço das
aves rara sinfonia.
O céu em
limpas cores de aquarela
Lembra um
Gobeth, nas cores que inebria.
E ao
contemplar tão majestosa tela,
Minha alma se
abre em laivos de poesia.
No alto da
copa, bem-te-vi galante
Irrompe com
seu canto ebricitante
E ao coro das
cigarras num bemol
Tange a
garganta em cantos após cantos,
E eu
contemplando assim tantos encantos,
Sinto os olhos
arderem sob o sol.
03.12.1997
Esperança vã
Como esperar
que vibre a primavera
Nesta árvore
que pende em pleno outono,
Como um rei
que se vê triste e sem trono
Arremessado
aos diques da quimera?
Como no
coração ter toda a espera
Se a noite já
vai alta e chega o sono
E solitário,
como um cão sem dono
Contemple, em
vão, a Universal Esfera?
Como sonhar se
existe o pesadelo
Que mata o
sonho sem nenhum apelo
Deixando o
desespero por crendice?
Mas ao ver
ramos secos e sem flores,
Vendo a
ausência de frutos e de amores,
Trôpego ponho
os passos na Velhice.
23.12.1997
0 COMENTE AQUI:
Postar um comentário